sábado, 30 de maio de 2015

Santíssima Trindade - Sermão de Antônio de Pádua e Lisboa

Dia da santíssima Trindade


Sermão de António de Pádua e Lisboa (c. 1195-1231), franciscano, Sermões para o domingo e as festas dos santos.

«Um só Deus, um só Senhor, na trindade das pessoas e na unidade da natureza» (Prefácio)

O Pai, o Filho e o Espírito Santo são de uma só substância e de uma inseparável igualdade. A unidade está na essência, a pluralidade nas pessoas. O Senhor indica abertamente a unidade da essência divina e a trindade das pessoas quando diz: «Baptizai em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.» Não diz «nos nomes», mas «em nome», mostrando assim a unidade da essência. Em seguida, porém, emprega três nomes, para mostrar que há três pessoas.
Nesta Trindade se encontra a origem suprema , a beleza perfeita, a alegria bem-aventurada de todas as coisas. A origem suprema, afirma Santo Agostinho no seu livro sobre a verdadeira religião, é Deus Pai, de quem provêm todas as coisas, de quem procedem o Filho e o Espírito Santo. A beleza perfeita é o Filho, a verdade do Pai, que em nada se distingue dele, que veneramos com o Pai e no Pai, que é o modelo de todas as coisas, porque tudo foi feito por Ele e tudo se refere a Ele. A alegria bem-aventurada, a soberana bondade, é o Espírito Santo, que é o dom do Pai e do Filho; e devemos crer e manter que este dom é exatamente como o Pai e o Filho.

Ao contemplar a criação, concluímos pela Trindade de uma só substância. Apreendemos um só Deus: Pai, de quem somos, Filho, por quem somos, Espírito Santo, em quem somos. Príncipe, a quem recorremos; modelo, que seguimos; graça, que nos reconcilia.

sábado, 23 de maio de 2015

Dia de Pentecostes - Sermão de Santo Agostinho


Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja
Sermão 271; ed. dos Mauristas 5, 1102-1103

«Todos nós ouvimos proclamar as maravilhas de Deus, nas nossas línguas»

Vimos com alegria, meus irmãos, erguer-se este dia do Pentecostes, em que a Santa Igreja resplandece aos olhos dos fiéis e incendeia os seus corações. E celebramos este dia em que Nosso Senhor Jesus Cristo, depois da sua ressurreição e da glória da sua ascensão, enviou o Espírito Santo. [...]


Este sopro purificou os corações da sua palha carnal; este fogo consumiu o feno da antiga cobiça; e estas línguas que os Apóstolos falavam, cheios do Espírito Santo, prefiguravam a difusão da Igreja por todas as nações. Assim como, depois do dilúvio, a impiedade dos homens edificou uma grande torre contra o Senhor e o género humano mereceu ser dividido por línguas diferentes de modo que cada nação falava a sua própria língua sem ser compreendida pelas outras (Gn 11), assim também a piedade humilde dos crentes trouxe para a Igreja a diversidade dessas línguas. Deste modo, o que a discórdia tinha dispersado, a caridade o congregaria, e os membros dispersos do único género humano seriam ligados entre si e com Cristo, o único Chefe, e seriam fundidos pelo fogo do amor na unidade deste Santíssimo Corpo. [...]


Meus irmãos, membros do Corpo de Cristo, sementes de unidade, filhos da paz, passai este dia na alegria, celebrai-o em tranquilidade. Pois o que era anunciado nos dias em que veio o Espírito Santo se realiza hoje em nós. Cada um dos que recebeu então o Espírito Santo falava todas as línguas. Hoje, a unidade da Igreja espalhada entre todos os povos fala todas as línguas, e é no seio desta unidade que possuís o Espírito Santo, vós que não estais separados por qualquer cisma da Igreja de Cristo, que fala todas as línguas