domingo, 23 de dezembro de 2012

Liturgia do Natal


A Liturgia do Natal
Rev. Edson Cortasio Sardinha


            A Celebração do Natal tem início na Oração das Vésperas do dia 24 de dezembro e dura até o sábado antes da Epifania (Celebração da Manifestação do Senhor) ou até a véspera do dia 05 de janeiro.
            As celebrações litúrgicas na noite de 24 de dezembro são prolongadas para a grande festividade do dia 25. Infelizmente com o tempo o Natal foi sendo secularizado e em algumas casos substituídos por festas pagãs ou até mesmo festa judaicas como o Chanuká.
           
I. Natal ou Chanuká ( hannukkah)
            Algumas igrejas evangélicas, influenciadas pelo Judaísmo tem celebrado o Chanuká no lugar do Natal do Senhor.
            Chanuká é uma festa judaica. Os judeus guardam o feriado por oito dias em honra a vitória histórica dos Macabeus e ao milagre do óleo. A palavra hebraica Chanuká quer dizer "dedicação." Esta festa está relacionada a um acontecimento do segundo século antes de Cristo, quando poucos lutadores judeus, após vencerem os Siros, entraram em Jerusalém em dezembro, 164 A.C. O Templo Sagrado estava destruído, sujo e profanado por soldados gregos. Eles limparam o Templo e reinauguraram-no no 25° dia do mês judaico de Kislev (equivale ao mês de dezembro). Quando chegou o  tempo de iluminar novamente a Menorá, eles procuraram no Templo inteiro, mas só encontraram um jarro pequeno de óleo com a autentificação do Sumo-Sacerdote. Segundo a lenda, milagrosamente, o pequeno jarro de óleo queimou por oito dias, até que um novo suplemento de óleo pôde ser trazido. Daí em diante, os judeus guardam o feriado por oito dias em honra à histórica vitória  e ao milagre do óleo. Assim nasceu a festa do Chanuká (aishbrasil.com.br).
            O que esta festa tem haver com o nascimento de Jesus? Absolutamente nada. A Chanuká não significa o Natal do Senhor.       Estas igrejas modernas voltaram a tradição judaica por desconhecer a liturgia e a história da Igreja e também para tentar se afastar da herança litúrgica da Igreja latina que apesar de vários erros doutrinários, conservou uma matriz rica e  histórica na liturgia.

II. Porque Comemoramos o Natal no dia 25 de dezembro?
            A data do 25 do dezembro foi fixada pelos pagãos para celebrar o nascimento do sol Natalis solis invicti. Os pagãos só começaram a celebrar essa data no ano 274 d.C. Nesse período, a igreja estava passando pelos seus últimos e terríveis dias de perseguição. O paganismo estava ainda forte, e esta foi uma estratégia para apagar as raízes do Cristianismo e formar raízes religiosas nos cristãos.
            Em 336 d.C, 62 anos depois, a Igreja de Roma incluiu no calendário Filocaliano a celebração do Natal Cristão no dia 25 de dezembro. Como o Edito do Tolerância de Constantino em 313 d.C., que deu liberdade religiosa aos cristãos, abriu as portas para a evangelização, a Igreja procurou diversas estratégias, dentro de sua limitação, para colocar Jesus como o Soberano das Nações, o Deus encarnado.
            Como a provocação de 274 d.C. deu certo para o lado dos pagãos, agora a igreja, gozando de liberdade, toma posse da data e proclama Jesus Cristo o Sol da Justiça, baseado em Malaquias 4.2.
            Na oratória de implantação do Evangelho, a frase era: “Vamos celebrar o Nascimento do nosso Rei no dia 25 de dezembro. O deus Sol está destronado”.
            Além de ser uma afronta ao paganismo, foi uma estratégia para colocar Jesus no centro da vida social e derrubar os sentimentos religiosos antigos do novo convertido.

III. As Orações do Natal
            O Livro de Oração Comum apresenta orações para a véspera e o Dia de Natal.
            Na Vigília de Natal dizemos: "Ó Deus, todos os anos nos alegras com a lembrança do nascimento de Teu Filho; ajuda-nos a recebê-lo pela fé como nosso redentor, e dá-nos a graça de o contemplarmos sem temor no dia em que vier como nosso juiz. Mediante o mesmo Jesus Cristo, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém".

            Para o Dia de Natal existem duas orações próprias: "Deus Onipotente, que nos deste teu unigênito Filho para que tomasse sobre si a nossa natureza, e nascesse neste tempo de uma virgem; concede que nós, renascidos e feitos teus filhos por adoção e graça, sejamos de dia em dia renovados por teu Santo Espírito; mediante nosso Senhor Jesus Cristo, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém".
            "Ó Deus, que fizeste esta noite santa brilhar com a verdadeira luz; concede a nós que conhecemos o mistério dessa luz sobre a terra, tenhamos no céu o gozo perfeito de sua presença, onde contigo e com o Espírito Santo vive e reina um só Deus, agora e sempre. Amém".

IV. As Leituras de Natal - Anos A, B e C
            O Lecionário Comum - Ano C, lemos Isaías 9.1-6, Salmo 96, Tito 2.11-14 e Lucas 2.1-14.
            O profeta Isaías (9.1-6) diz que uma luz resplandeceu para o povo que andava em trevas. Deus aumentou a alegria do povo pois quebrou o jugo. Tudo isso porque um "menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz".
            O Salmo 96 nos convoca a cantar um novo cântico de alegria. Um cântico pela a alegria do Senhor que vem. Jesus nasceu e precisamos  cantar ao Senhor e proclamar a sua salvação, dia após dia.
            Para Tito (2.11-14) Paulo diz que a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens. Esta é a alegria. A nossa salvação. Este é o Natal de Cristo que foi concluído em sua morte e ressurreição. Hoje aguardamos a " bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus, 14   o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniquidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras".
            O Evangelho de Lucas 2.1-14 narra a alegria do maravilhoso nascimento de Jesus em Belém numa manjedoura. Esta manjedoura serve de sinal para os pastores dos campos de Belém. A mensagem é de alegria. O Anjo diz aos pastores: "Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor.        Natal é tempo de alegria da salvação.

Conclusão:
            Devemos transformar nossa igreja e nossas casas numa nova Belém. Ver novamente o Salvador nascendo e deixar ele transformar nossas vidas em lugar de justiça, fraternidade e amor.
            Este foi o esforço de Francisco de Assis narrado por Tomás de Celano sobre o Natal em Greccio, na Itália:

  "Quinze dias antes do Natal, Francisco disse  «Quero evocar a memória do Menino que nasceu em Belém e de todos os sofrimentos que padeceu desde a Sua infância. Quero vê-Lo, com os meus olhos carnais, tal como Ele estava, deitado numa manjedoura, dormindo sobre o feno, entre uma vaca e um burro». Chegou o dia da alegria. [...] Convocaram-se os irmãos de vários conventos dos arredores. Segundo as possibilidades de cada um, com a alma em festa, o povo dos campos, homens e mulheres, prepararam tochas e círios para iluminar essa noite em que se elevou a estrela cintilante que ilumina todos os séculos. Ao chegar, Francisco viu que tudo estava pronto e alegrou-se muito. Tinham trazido uma manjedoura e feno; também tinham trazido uma vaca e um burro. Ali valorizava-se a simplicidade, era o triunfo da pobreza, a melhor lição de humildade: Greccio tinha-se tornado uma nova Belém. A noite fez-se luminosa como o dia e deliciosa quer para os animais quer para os homens. Multidões acorreram e a renovação do mistério reavivou a alegria. Os bosques ressoavam com os cânticos; as montanhas repercutiam ecos. Os irmãos cantavam os louvores do Senhor e toda a noite foi repleta de alegria. Francisco passou o serão de pé diante do presépio, pleno de compaixão e cheio de uma alegria inexprimível. Por fim, celebraram a missa com a manjedoura a fazer de altar e o sacerdote sentiu um fervor nunca antes experimentado. Depois pregou ao povo e encontrou palavras doces como o mel para falar do nascimento do pobre Rei e da pequena aldeia de Belém". ( Tomás de Celano - Primeira Vida, 84, 86).

sábado, 1 de dezembro de 2012

Primeiro Domingo do Advento



Início do Ano Cristão
Rev. Edson Cortasio Sardinha



            O Advento começa às vésperas do quarto Domingo antes do Natal e vai até as primeiras vésperas do Natal de Jesus. É o início do Ano Cristão. Caminharemos nos passos de Cristo até novembro de 2013. Reviveremos o ministério da Salvação e celebraremos ao Deus da vida.
            O Tempo do Advento possui duas características:  Nas duas primeiras semanas  a nossa expectativa se volta para a segunda vinda definitiva e gloriosa de Jesus Cristo, Salvador e Senhor da história, no final dos tempos. As duas últimas semanas, dos dias 17 a 24 de dezembro, visam em especial, a preparação para a celebração do Natal, a primeira vinda de Jesus entre nós.
            Celebramos o Cristo que veio, o Cristo que vem todos os dias e o Cristo que virá para buscar sua Igreja.

I. O Ano Cristão.
            O Ano Cristão é comemorado em dois Ciclos e dos Tempos. Ciclo do Natal: Advento - Natal - Epifania - Batismo do Senhor. 1º Tempo Comum: Jesus dá início as suas primeiras pregações. Anuncio do Reino. Ciclo da Páscoa: Quaresma - Semana Santa - Páscoa - Pentecostes. 2º Tempo Comum: Revivemos tudo que Jesus disse e fez para a nossa Salvação. Vivência do Reino. Termina com a celebração de Cristo, o Rei do Universo.
            O Lecionário Comum está organizado para ter as leituras dominicais em três anos. Cada ano as leituras são retiradas de um Evangelista. Ano A (Mateus); Ano B (Marcos) e ano C (Lucas). João é lido nas principais solenidades. Este ano será o Ano C onda caminharemos no testemunho de Lucas.


II. A Palavra Advento
            Advento — adventus, em latim — significa vinda, chegada. É uma palavra que designava a vinda anual de uma divindade pagã, ao templo, para visitar seus adoradores.
            Na linguagem corrente, significava também a primeira visita oficial de um personagem importante, ao assumir um alto cargo. Assim, algumas moedas de Corinto perpetuam a lembrança do adventus augusti, e um cronista da época qualifica de "adventus divi" o dia da chegada do Imperador Constantino.
            Nas obras cristãs dos primeiros tempos da Igreja, especialmente na Vulgata, "adventus" se transformou no termo clássico para designar a vinda de Cristo à terra, ou seja, a Encarnação, inaugurando a era messiânica e, depois, sua vinda gloriosa no fim dos tempos.

III. A Origem da Celebração do Advento
            As primeiras orações de preparação para o Natal aparecem no século V, quando Perpétuo, Bispo de Tours, estabeleceu um jejum de três dias, antes do nascimento do Senhor. É também do final desse século, na Espanha, a “Quaresma de São Martinho”, que consistia num jejum de 40 dias, começando no dia seguinte à festa de São Martinho.
            Gregório Magno (590-604) foi o primeiro a redigir um ofício para o Advento, e o Sacramentário Gregoriano é o mais antigo em prover os cultos próprios para os domingos desse tempo litúrgico.
            No século IX, a duração do Advento reduziu-se a quatro semanas, como se lê numa carta do Papa  Nicolau I (858-867) aos búlgaros. E no século XII o jejum havia sido já substituído por uma simples abstinência.
            O objetivo da igreja era produzir nos fiéis uma grande expectativa pela vinda do Salvador, orientando-os para o seu retorno glorioso no fim dos tempos.
            Atualmente o Advento é celebrado em dois aspectos: a vinda definitiva do Senhor e a preparação para o Natal, mantendo a tradição das 4 semanas. Não podemos celebrar a liturgia, sem levar em consideração a sua essencial dimensão escatológica.

IV. Advento nas Igrejas Orientais
            Nos diversos ritos orientais, o Advento formou-se com uma característica acentuadamente ascética.
            Na liturgia bizantina destaca-se, no domingo anterior ao Natal, a comemoração de todos os patriarcas, desde Adão até José, esposo de Maria.
            No rito siríaco, as semanas que precedem o Natal chamam-se “semanas das anunciações”. Elas evocam o anúncio feito a Zacarias, a Anunciação do Anjo a Maria, seguida da Visitação, o nascimento de João Batista e o anúncio a José.

V. Advento nas Igrejas Ocidentais
            É na liturgia romana que o Advento toma um sentido um pouco diferente. Segue um método pedagógico muito vivo.
            No primeiro domingo aparece as leituras de Jesus, cheio de glória e esplendor, poder e majestade, rodeado de seus Anjos, para julgar os vivos e os mortos e proclamar o seu Reino eterno, após os acontecimentos que antecederão esse triunfo.“
            Como ficar de pé diante do Filho do Homem? A nós cabe corar de vergonha, como diz a Escritura. A Igreja então convida ao arrependimento e à conversão e nos coloca, no segundo domingo, diante da grandiosa figura de João Batista, cuja mensagem ajuda a ressaltar o caráter penitencial do Advento.
            Com a alegria de quem se sente perdoado, o terceiro domingo se inicia com a seguinte proclamação: “Alegrai-vos sempre no Senhor. De novo eu vos digo: alegrai-vos! O Senhor está perto”. É o domingo Gaudete (da alegria).
            No quarto domingo, anuncia a chegada do verdadeiro Sol de Justiça, para iluminar todos os homens. Vemos o Testemunho de Maria e José em receber o Filho de Deus, o Salvador do mundo.

VI. As Figuras do Advento
            Nas leituras do Advento encontramos importantes figuras que nos ajudam a entender a teologia e espiritualidade deste período.
            Isaías e Jeremias: são os profetas que, durante os tempos difíceis do exílio do povo eleito, levavam a consolação e a esperança.
            João Batista: A figura de João Batista ao ser o precursor do Senhor e aponta-lO como presença já estabelecida no meio do povo, encarna todo o espírito do Advento; por isso ele ocupa um grande espaço na liturgia desse tempo, em especial no segundo e no terceiro domingo.
            Maria: Assim como Deus precisou do sim de Maria, hoje, Ele também precisa do nosso sim para poder nascer e se manifestar no mundo; assim como Maria se "preparou" para o nascimento de Jesus, a começar pele renúncia e mudança de seus planos pessoais para sua vida inteira, nós precisamos nos preparar para vivenciar o Seu nascimento em nós mesmos e no mundo, também numa disposição de "Faça-se em mim segundo a sua Palavra" (Lc 1, 38), permitindo uma conversão do nosso modo de pensar, da nossa mentalidade, do nosso modo de viver, agir etc.
            José: Nos textos bíblicos do Advento, se destaca José, esposo de Maria, o homem justo e humilde que aceita a missão de ser o pai adotivo de Jesus. Ao ser da descendência de Davi e pai legal de Jesus, José tem um lugar especial na encarnação, permitindo que se cumpra em Jesus o título messiânico de "Filho de Davi". José é justo por causa de sua fé.

VII. A Coroa do Advento
            Os cristãos tem o costume de fazer a coroa do Advento com quatro velas (ou cinco) em suas casa e na igreja. A coroa do Advento tem origem protestante.
            Em 1833, foi criada na Alemanha, em Hamburgo, a  “Rauhes Haus” (Casa Rústica) para abrigar crianças da rua, ensinar profissões e gerar recursos próprios para que as crianças não voltassem a pedir esmolas. O pastor visionário que criou a Rauhes Haus com 25 anos de idade chamava-se Johann Heinrich Wichern (*1808 +1881).
            Todo ano ele celebrava o tempo de Advento com meditações, cânticos e reflexões. Para contextualizar aqueles momentos o pastor Wichern pendurou uma roda velha de carroça no teto da sala da Rauhes Haus. No primeiro domingo de Advento colocou a primeira grande vela a queimar sobre a roda. Depois, nos seis dias seguintes, seis velas pequenas. Daí, no segundo domingo de Advento, novamente a segunda vela grande e isso se repetia até o Natal. Um dia antes do Natal queimavam 24 velas referida roda.
            As meninas e os meninos da Rauhes Haus passaram a chamar aquele tempo de “Meditação das Velas”. Passaram-se dois anos e aquela pequena Comunidade decidiu enfeitar a roda iluminada com ramos de pinheiro. Foi assim que nasceu a primeira Coroa de Advento dentro da Igreja Luterana. Muitas pessoas que visitavam a “Rauhes Haus” achavam aquele símbolo muito significativo. Como nas suas moradias particulares não havia muito espaço para uma Coroa de Advento com 24 velas, optaram por uma menor com quatro, uma para cada domingo. Assim nasceu este símbolo protestante que nos prepara para o Natal.

VIII. Oração do Primeiro Domingo do Advento
            Neste primeiro domingo do Advento no Livro de Oração Protestante (Livro de Oração Comum,) tem a seguinte oração:
            "Deus Onipotente, dá-nos a graça de rejeitar as obras das trevas e vestir-nos das armas da luz, durante esta vida mortal, em que teu Filho Jesus Cristo, com grande humildade, veio visitar-nos; a fim de que, no último dia, quando ele vier em sua gloriosa majestade, para julgar os vivos e os mortos, ressuscitemos para a vida imortal, mediante Jesus Cristo, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, agora e sempre. Amém".

IX. As Leituras do 1º Domingo do Advento
            A primeira Leitura é Jeremias 33.14-16. O profeta diz que virá um dia quando Deus cumprirá suas palavras de Boas Novas. Virá o renovo da justiça. Por causa do renovo que é Jesus, Jerusalém será chamada Justiça nossa.
            O salmo lido ou cantado é o 25. O Salmista espera em Deus (3). Pede que o Senhor lhe ensine o caminho e guie pela verdade. Deus é aquele que guia pelo caminho da justiça. É um salmo que clama pela  reconciliação, pelo livramento e pelo perdão dos pecados. Busca o Deus que nos prepara para o encontro com o Senhor que virá.
            A epístola lida é I Ts 3.12-4.2. Paulo ora para que o Senhor de a igreja dos tessalonicenses a   santidade e a preparação necessária para que a igreja esteja pronta para a Vinda do Senhor e finaliza rogando a igreja para que viva progredindo em santidade e preparação para a volta do Senhor.
            O Evangelho lido é Lc 21.25-36. Onde o Senhor Jesus fala dos acontecimentos finais de sua gloriosa vinda ao mundo. O mundo será abalado e todos verão "o Filho do Homem vindo numa nuvem, com poder e grande glória". A igreja precisa esperar em santidade e vigiar em oração para poder permanecer firme diante do Senhor.

Conclusão:
            Este é o primeiro domingo do Advento. Aponta para o retorno glorioso de Jesus para buscar a sua igreja. Assim como Jesus nasceu e as profecias se cumpriram, também Jesus voltará para buscar a Igreja e as profecias serão cumpridas.
            A mensagem do primeiro domingo do Advento é: Se prepare para o segundo Advento do Senhor Jesus. Ele voltará!

Leia também:

  •       Advento do Natal - 54 perguntas e respostas sobre o Ciclo do Natal -  José Bortolini - Paulus.
  •       Coroa de Advento. História, símbolos e celebrações. Frei Alberto Beckhäuser - Editora Vozes.
  •       Viver o ano litúrgico. Reflexões para os domingos e solenidades. Frei Alberto Beckhäuser - Editora Vozes.
  •       Advento. Aquele que virá, veio e vem. Antonio Francisco Lelo / Sidnei Fernandes Lima / Gustavo Montebello  - Paulinas.
  •       Ciclo do Natal (O). Celebrando a encarnação do Senhor. Bruno Carneiro Lira (Org.)  Paulinas.
  •       "Advento & Natal - A celebração da esperança do povo de Deus". Edição de outubro/novembro de 1997 do Mosaico, da Faculdade de Teologia-SP.
  •       Advento_ Liturgia e Espiritualidade - http://www.franciscanos.org.br - 26/11/2012
  •       Advento: Acadêmicos Arautos - Site dos Institutos de Teologia e Filosofia dos Arautos. http://academico.arautos.org - 26/11/2012
  •       Qual a origem do Advento? http://www.pastoralis.com.br - 26/11/2012.

sábado, 24 de novembro de 2012


Cristo, Rei do Universo
Último Domingo do Calendário Cristão

Rev. Edson Cortasio Sardinha



           
                     Na ábside de várias igrejas europeias dos séculos 11 e 12, aparece a imagem em mosaico do “Cristo, Senhor de todas as coisas – Rei do universo”, o Cristo “Pantokrator” segundo a clássica expressão da linguagem da arte cristã antiga e medieval, e dos ícones.         Pantoklator é uma palavra de origem grega que significa "todo-poderoso" ou "onipotente".
            A igreja sempre celebrou Jesus como o Reio do Universo. Mas o tema "Cristo, o Rei do Universo" é celebrado em algumas igrejas cristãs neste último domingo do Tempo Comum.
            Esta celebração não é antiga. Foi uma das últimas celebrações instituídas por Eugenio Maria Giuseppe Giovanni Pacelli, conhecido como  Papa Pio XI, na época em que o mundo passava pelo pós-guerra de 1917, marcado pelo fascismo na Itália, pelo nazismo na Alemanha, pelo comunismo na Rússia, pelo marxismo-ateu, pela crise econômica, pelos governos ditatoriais que destruía toda a Europa, pela perseguição religiosa, pelo liberalismo e outros que levavam o mundo e o povo a afastar-se de Deus, da religião e da fé, culminando com a 2ª Guerra Mundial. Este papa foi duramente acusado de ser imparcial diante do holocausto judeu.  Contudo, o desejo de Pecelli era afirmar para o mundo que no final da história Jesus iria triunfar porque Ele é o Senhor dos Senhores, o Rei dos Reis. Todas as coisas serão consumadas em Cristo.
            Penso, como protestante metodista, que colocar no 34º Domingo do Tempo Comum a celebração de "Cristo, o Rei do Universo" é didático e culmina a história contada no calendário cristão, pois caminhamos do Advento ao Pentecostes e celebramos nos domingos do Tempo Comum o Ministério do Senhor Jesus. Sendo assim fechamos as celebrações afirmando que Jesus é o Cristo, o Rei do Universo, o Senhor dos Senhores.

I. O Final do calendário Cristão
            Chegamos ao final de mais um ano cristão. Com a 34ª Semana do Tempo Comum é encerrado o Calendário Litúrgico (Nem todos os anos tem o Tempo Comum com 34º semanas. Alguns anos tem apenas 33 semanas). Termina assim o Ano B, onde as leituras de domingo foram, em sua maioria, baseadas no Evangelho de Marcos.
            As leituras dominicais são organizadas em Ano A (Mateus), Ano B (Marcos) e Ano C (Lucas). Na próxima Semana, primeiro Domingo do Advento, tem início um novo ano Cristão: Ano C onde o Evangelho contemplado será o de Lucas e teremos nas meditações do Boletim justamente o Evangelho de cada domingo, lido e aplicado a Visão de Discipulado Metodista.
            Hoje é o dia de Cristo, Rei do Universo. Hoje é a 34ª Semana do Tempo Comum e o fim do calendário Cristão. Começamos a contar a vida de Cristo no Advento e terminamos com a proclamação do Seu reinado eterno sobre todas as coisas.

II. Livro de Oração Comum.
            No Livro de Oração Comum da Igreja da Inglaterra temos a belíssima oração para o 34º Domingo do Tempo Comum: "Onipotente e sempiterno Deus, que sempre estás mais pronto a ouvir do que nós a suplicar, e nos dás mais do que desejamos ou merecemos; derrama sobre nós a tua misericórdia, perdoando o que nos pesa na consciência e dando-nos as bênçãos que não somos dignos de pedir, senão pelos merecimentos de Jesus Cristo teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.
            É uma oração (coleta) invocando o perdão e Deus e reconhecendo sua grande e eterna misericórdia. Assim devemos terminar este ciclo em nossa vida e em nossa igreja.

III. As Leituras do 34º Domingo do Tempo Comum (Cristo, Rei do Universo).
            Na perspectiva do tema "Cristo, Rei do Universo", a primeira leitura do Lecionário Comum, ano B, é Daniel 7.13 e 14. Daniel tem uma visão a noite e consegue ver o Filho do Homem vindo nas nuvens do céu. Ao Senhor foi dado o domínio, a glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem. O seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído. É uma profecia da volta de Cristo como o Rei do universo estabelecendo a paz, a justiça e o Reino de Deus.
            O Salmo cantado ou lido é o 93.1-5 onde declara que o Senhor Reina. Ele revestiu-se de majestade e de poder. Firmou o mundo, que não vacila. Fala do reinado de Cristo não apenas no futuro mas desde a antiguidade. "Está firme o teu trono; tu és desde a eternidade". O Senhor é mais poderoso do que o "bramido das grandes águas, do que os poderosos vagalhões do mar".
            A segunda leitura é o Apocalipse 5.1 onde João vê a glória de Deus e escuta uma grande voz que diz: "Quem é digno de abrir o livro e de lhe desatar os selos?"  Não havia ninguém. João chora de angústia. Mas um dos anciãos lhe diz: "Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos". Jesus venceu. João vê Jesus como o Cordeiro que tinha sido morto. Quando o Senhor toma o livro o céu se curva diante do seu poder e reinado. O fim da história é o Reino do Senhor Jesus.
            Finalmente o Evangelho lido é João 18.33-37. Fala do diálogo de Pilatos com Jesus. Pontius Pilatus (Pôncio Pilatos), governou a Judeia e a Samaria entre os anos 26 e 36. As informações de Flávio Josefo e de Fílon apresentam-no como um governante duro e violento, obstinado e áspero, culpado de ordenar execuções de opositores sem um processo legal. As queixas de excessiva crueldade apresentadas contra ele pelos samaritanos no ano 35 levaram Vitélio, o legado romano na Síria, a tomar posição e a enviá-lo a Roma para se explicar diante do imperador. Pilatos foi deposto do seu cargo de governador da Judeia logo a seguir.
            Diante deste homem violento e cruel, apesar do evangelista apresentar Pilatos como um homem indeciso e fraco, Jesus é levado para ser interrogado.
            No diálogo aparece a pergunta: "És tu o rei dos judeus?" Jesus esclarece dizendo que o seu reino não é deste mundo. Ele diz: "Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui". Quando novamente Pilatos pergunta se Jesus é rei ele diz: "Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz". Quem é da verdade escuta o Evangelho e tem Jesus como Rei dos Reis. Jesus nasceu como Rei. Sempre foi rei e reinará eternamente. Um dia virá e estabelecerá o seu reino que não terá fim. Este reino já iniciou na vida das pessoas que tem um encontro pessoal com o Senhor e é transformado por sua graça.
           
Conclusão:
            Jesus nasce para ser rei. Mas um rei diferente. O seguinte texto dos dehonianos (carisma iniciado por João Leão Dehon, um cristão francês do século XIX) expressa perfeitamente o caráter do Reino de Jesus:
           
         "A sua coroa será feita de espinhos… O seu trono será uma cruz… O seu poder diferente do poder do mundo… O seu mandamento será o do Amor… O seu exército será composto por homens desarmados… A sua Lei são as bem-aventuranças… O seu Reino será um mundo de paz… Decididamente, este rei não é como os outros, porque o seu Reino não é deste mundo. Contudo, nós somos os seus sujeitos convidados a segui-l’O, e mesmo a fazer com que se realize este Reino. Fazemo-lo sempre que somos artífices da paz e nos amamos como Ele nos ama. Nada mais… mas nada menos". (www.dehonianos.org).

            Encerra hoje o ano cristão. Encerra com a grande mensagem de fé: Jesus reina e reinará eternamente. Um dia todos os poderes do mundo, todas as opressões e injustiças, todas as obras do diabo e seus demônios serão destruídas.
            Porque Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai. (Fp 3.9-11).



sexta-feira, 5 de outubro de 2012

A Unção dos Enfermos na Liturgia


Rev. Edson Cortasio Sardinha
 


U
m pastor derramou doze litros de óleo em sua cabeça para receber unção e repassar aos fiéis da Igreja. Num culto pentecostal um pastor derramou dois litros de óleo na cabeça e se sentiu cheio de poder. Um pastor enterrou uma garrafa de óleo no monte para que o mesmo ficasse cheio de poder e unção. Garrafinhas de óleo de unção são vendidas nos templos para atrair dinheiro para a obra e poder para as famílias.
            Infelizmente existem tantos exageros e fanatismo com o uso do óleo da unção que muita gente prefere ignorar a prática bíblica da Unção dos Enfermos.
            Desejo de forma rápida, compartilhar breves palavras sobre a Unção com óleo na Bíblia, na História da Igreja e na Liturgia

1. Tipos de Unção
            No antigo Testamento encontramos o uso do óleo para ungir objetos. Era uma forma de consagrar os objetos para o culto a Deus. (Êxodo 29:36-37; 30:25-29). Os objetos ungidos se tornavam santos ao serviço do Senhor.
            O Antigo Testamento também fala da Unção de Pessoas. Wesley diz que "Entre os Judeus, a unção era a cerimônia pela qual os profetas, os sacerdotes e os reis eram iniciados nos seus ofícios" (Nota de Wesley a Mateus 1.16).  Eram ungidos os profetas, os reis e os sacerdotes.
            Unção de Reis: Os reis eram ungidos como libertadores para o povo de Israel e para governar sobre o povo como seu pastor (I Sm  9.16).
            Unção de Sacerdotes: Os sacerdotes eram ungidos, de modo a consagrá-los e reconhecê-los como pessoas separadas para servir a Deus através do sacerdócio (Ex 40.13-15).
            Unção de profetas: O ofício profético era estabelecido pelo ato da unção. (Is 61.1-3.
2. Os Produtos utilizados para a unção
             Azeite: Era símbolo da alegria, da saúde e da qualificação de uma pessoa para o serviço do Senhor (Sl 92.10).
            Unguento: Era uma gordura misturada com perfumes especiais que lhe davam características muito desejáveis. Era utilizado para ungir os pés dos hóspedes, simbolizando a alegria pela chegada daquele hóspede, e desejando-lhe boas vindas (Jo 11.2; Dn 10.2-3; Rt 3.3).
            Óleos curativos: Usavam-se os óleos com poder curativos para amolecer feridas e purificá-las (Is 1.6, Lc 10.34).
            Unguento fúnebre: Este unguento era utilizado na preparação do corpo para o sepultamento, como parte de um processo de embalsamamento: (Mt 26.12; Lc 23.55-56).

3. Modos de aplicação
            Na cabeça: O derramamento de óleo sobre a cabeça de um homem indicava que este homem havia sido separado para uma determinada tarefa a serviço do Senhor ( I Sm 10.1; Sl 23.5; Ec 9.8).
            No rosto: A unção do óleo no rosto tinha como objetivo a hidratação, e a proteção contra as forças da natureza (Sl 104.15).
            Nos pés: Como já foi dito, este ato estava normalmente relacionado com uma recepção digna e alegre de um hóspede bem-vindo (Lc 7.38)
            Sobre as feridas: Utilizado como medicamento (II Rs 20.5-7).

4. A Prática dos Apóstolos do Senhor Jesus
            No Evangelho de Marcos 6.7,12-13 está escrito: "Chamou os doze discípulos, começou a enviá-los dois a dois e dava-lhes poder sobre os espíritos maus. Então os discípulos partiram e pregaram para que as pessoas se convertessem. Expulsavam muitos demônios e curavam muitos doentes, ungindo-os com óleo".
            A expulsão dos demônios e a cura milagrosa de muitos enfermos eram acompanhadas da unção com óleo.

5. A Orientação de Tiago 5:14-16
            A Carta de Tiago 5.14-16 diz: "Alguém de vocês está doente? Mande chamar os presbíteros da Igreja para que orem por ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor. A oração feita com fé salvará o doente: o Senhor o levantará e, se ele tiver pecados, será perdoado. Confessem mutuamente os próprios pecados e orem uns pelos outros, para serem curados. A oração do justo, feita com insistência, tem muita força".
            A orientação doutrinária é que os doentes sejam ungidos com óleo pelos presbíteros em nome do Senhor. A oração da fé levantará os enfermos e perdoará pecados.
            Tanto em Marcos como Tiago, a unção com óleo esta relacionada a uma ação de Deus, e não aos poderes curativos ou medicinais do óleo.

6. O Uso da Unção na História da Igreja.
            Orígenes, um dos Pais da Igreja, comenta o texto de Tiago 5:14, mas trata apenas da questão do perdão dos pecados, e não menciona o uso do óleo.
            Agostinho menciona o uso do óleo uma vez em seus escritos sobre milagres.   
            Tertuliano, diz Sétimo Severo, foi curado na oração com imposição do óleo pelo cristão Prócolo.
            Crisóstomo dizia que o óleo para ungir os doentes deveria ser retirado das lâmpadas que alumiavam o templo. Esta prática é usada ainda hoje na Igreja Grega.
            Crisóstomo também recomenda ungir um bêbado com óleo retirado da tumba dos mártires cristãos, como remédio para curar a bebedice.
            Os Nestorianos misturavam óleo e água com algumas relíquias de alguns santos; caso estas não fossem encontradas, usava-se poeira de uma cena de martírio e ungia-se o doente com tal mistura.
            Cirilo de Alexandria e Cesário de Arles alertavam o povo contra encantamentos e mágicas, dizendo que o poder não vinha do óleo. Óleo é apenas Sinal.
            A partir do quarto século em diante, a liturgia da igreja Grega e outras liturgias orientais já continham fórmulas para consagrar o “óleo santo”. Um bom exemplo disso é O Sacramentário de São Serapião (quarto século, Egito).
            A carta de Inocêncio I para Decentius, datada de 19 de Março de 416 diz que “os cristãos doentes têm o direito de serem ungidos com o santo óleo da crisma, o qual, sendo consagrado pelo bispo, não é legal apenas para os bispos somente, mas para todos os cristãos que precisem dele para suas próprias necessidades, bem como para seus servos.”
            Antes do fim do oitavo século, contudo, uma mudança ocorreu no Ocidente, pela qual o uso do óleo foi transformado para unção daqueles que estavam para morrer, não como um meio para recuperar o doente, mas com vistas à remissão dos pecados daquele que está morrendo.
            O sacramento da Extrema Unção é mencionado pela primeira vez entre os sete sacramentos da Igreja Católica no século XII. Foi discutido e decretado no Concílio de Trento (na pós-Reforma), que “a santa unção do doente foi um sacramento estabelecido por Cristo e promulgado aos crentes por Tiago, apóstolo e irmão e nosso Senhor”.
            O Concílio Vaticano II mudou o nome de Extrema Unção para Unção dos Enfermos, seguindo uma linha ecumênica para estar mais próximo dos Protestantes Históricos.
            Atualmente a Igreja Católica, Igreja Anglicana e outras igrejas históricas usam três óleos para a Liturgia da Igreja.
            Óleo da Confirmação (crisma): usado na ocasião em que o jovem (ou adulto) reafirma os votos batismais que foram feitos em seu nome por seus pais e padrinhos, tornando-se “responsável pela Fé que professa”. Também é usado nas ordenações sacerdotais como sinal de consagração dos “ungidos de Deus” para exercer o Sagrado Ministério;
            Óleo dos Catecúmenos: usado nas celebrações do Santo Batismo (através do sinal da cruz) significando a libertação do mal para que o iniciado na Fé Cristã seja consagrado e esteja apto a receber o Espírito Santo que vai guiá-lo no “novo nascimento em Cristo”, e
            Óleo dos Enfermos: usado na administração da Bênção da Saúde (que tomou o lugar da “extrema unção”). Esta unção é para que a pessoa fique curada, ou tenha força para enfrentar os sofrimentos olhando para a Paixão do Senhor Jesus, ou então para, sendo a vontade de Deus, prepare-se para atravessar o “vale da sombra da morte” (Sl 23) e desfrutar da Vida Eterna.
            A Igreja Anglicana e a Católica têm um bonito Rito de Consagração dos Óleos para Unção na Quinta-feira Santa. Na parte da manhã acontece este Rito Sacramental - A Bênção dos Santos Óleos. Não se pode precisar com exatidão a origem da bênção conjunta destes três óleos, mas sabe-se que também eram abençoados no Domingo de Ramos e até no Sábado de Aleluia. Atualmente este ritual é presidido pelo bispo diocesano, e têm lugar no templo da Igreja Catedral onde são consagrados.
            A Unção aos Enfermos foi transformado em Sacramento.

7. Liturgia da Unção dos Enfermos
            O Livro de Oração Comum, utilizado pelos Anglicanos desde o século XVI e amado por João Wesley, apresenta dois Ritos de Unção dos Enfermos.
            O Culto é iniciado com um Cântico de iniciação e uma palavra de acolhida. Logo após é realizado o Ato Penitencial. Louva-se a Deus com Cânticos e a Igreja recebe a Palavra no momento da Liturgia da Palavra. São lidas duas porções da Bíblia: Tiago 5.14-16 e Marcos 6.7-13.
            Finalmente ocorre a Imposição das Mãos com a Unção do Óleo. No Livro de Oração Comum Brasileiro existe a seguinte orientação: "Qualquer pessoa enferma, seja grave ou passageira a sua doença, pode receber a imposição de mãos e a Santa Unção, e ambas podem ser administradas tantas vezes quantas requeridas durante a mesma unção".
            Neste momento o Ministro diz ao povo: "O Senhor Onipotente, que é uma torre forte para quantos nele confiam, ao qual todas as coisas nos céus, na terra, e debaixo da terra se curvam e obedecem; seja agora e para sempre a tua defesa, e te faça conhecer e sentir, que debaixo do céu não há outro nome dado aos homens em quem e por quem tu recebas saúde e alcances a salvação, exceto unicamente o nome de nosso Senhor Jesus Cristo".
            Outra orientação segue: "As pessoas doentes devem vir à frente e ajoelhar-se no genuflexório, ou, incapacitados a isso, o Ministro irá a elas. Então, imergindo o seu polegar direito no Santo Óleo, porá suas mãos sobre a cabeça de cada um, e depois ungirá a fronte com o sinal da cruz, dizendo: Eu imponho minha mão sobre ti e te unjo com óleo, em o nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, no poder de nosso Senhor Jesus Cristo para que, livre de todo o sofrimento e enfermidade, recebas a bênção da saúde.”
            O Ministro ora para que a Unção vá além da cura física. "Assim como está ungido externamente com este Santo Óleo, assim também o nosso Pai celestial te conceda a unção interior do Espírito Santo. Que Ele, por sua grande misericórdia, perdoe os teus pecados, te liberte de teus sofrimentos, fortaleça e te restaure integralmente. Que o Senhor te liberte de todo o mal, te conserve em toda bondade, e te preserve na vida eterna. Por Jesus Cristo, nosso Senhor".

8. Nossa Prática de Ungir Enfermos
            De um lado está o exagero e fanatismo de grupos neopentecostais com relação a Unção com Óleo, do outro lado está um Ritual Litúrgico que dá à unção uma beleza, ordem e decência.
            Olhamos para Tiago 5.14-16 e Marcos 6.7-13. e praticamos com simplicidade e fé a Unção dos Enfermos, não crendo no Poder do Óleo, mas no poder da Oração da Fé em Cristo Jesus.
            Não usamos o Óleo como Sacramento nem como veículo mágico de poder.
            Utilizamos apenas como meio de Graça, debaixo da orientação bíblica para Ungir os Enfermos e consagrar nossas vidas ao Senhor.
            Ao Senhor seja a Glória, agora e para sempre. Amém.