quarta-feira, 27 de junho de 2007

LITURGIA DAS HORAS


Ofício Divino

Ofício Divino, ou Liturgia das Horas, é a oração pública que os clérigos fazem em nome da Igreja. Leva este nome por ser considerado o cumprimento de um dever (em latim, officium) para com Deus. É chamado também de Liturgia das Horas por repartir-se em diferentes horas do dia.


Origens
Os judeus e outros povos antigos contavam o dia desde um pôr-do-sol até outro. Destarte, o sábado começava no entardecer da sexta-feira. Para fins civis, o dia e a noite constavam, respectivamente, de 12 partes iguais: a noite, do pôr-do-sol ao nascer; e o dia, do nascer ao pôr-do-sol.


As 12 horas da noite se dividiam em 4 vigílias, de 3 horas cada uma: 1a. vigília, das 6 da tarde às 9 da noite; a 2a. vigília, das 9 à meia-noite; a 3a. vigília, da meia-noite às 3 da madrugada; e a 4a., das 3 às 6. Começava então dia, sendo que as horas contavam-se a partir das 6 da matina. Assim, primeira hora (ou prima), era as 6 da manhã; sexta hora, o meio-dia; e nona hora, as 3 da tarde.


Conformada com esta divisão do tempo, a Igreja cristã estabeleceu dois ofícios: o Ofício da Noite e o Ofício do Dia. Aquele tinha o nome de Ofício das Vigílias, com três noturnos. Seguia-se-lhe a prece da aurora ou da manhã, chamada por isso Matinas. Mais tarde, deram às Vigílias o nome de Matinas, e às Matinas o de Laudes.


O Ofício do Dia constava de Prima, Terça, Sexta, Noa, Vésperas e Completas.
Também, nos dias atuais, os leigos são chamados a oração da Liturgia das Horas em suas paróquias, em suas comunidades e,com grande amor, respondem a essa chamado, orando em unidade com a Igreja do mundo inteiro o Ofício Divino.


Inspirados por Jesus, que Ele mesmo, como bom Judeu, recitava os salmos diariamente e os tinha como parte integrada de sua vida.
Fonte: Wikipedia. in Liturgia das Horas

ARTE E LITURGIA 40 ANOS APOS O VATICANO II



Os elementos da celebração e a adequação solicitada pelo Concílio, depois de 40 anos do S.C.A reforma inacabada Já se passaram muitos anos desde a publicação dos decretos conciliares, o conjunto dos quais deveria ter aperfeiçoado a proposta que havia sido veiculada pela grande reforma conciliar e oferecer motivações para facilitar a purificação da mentalidade religiosa do povo cristão, sobre a qual, o tempo havia lançado escórias de uma espiritualidade não sempre em sintonia com a espiritualidade litúrgica da Igreja (conf. Regno - Att. 4, 2002, 124).De fato, nos anos pós-conciliares o termo liturgia aparece na boca de todos e em quase todos os artigos de caráter religioso. Todas as mudanças efetuadas nas estruturas das Igrejas, também as mais extravagantes, foram justificadas pela exigência das adaptações litúrgicas. Por vezes, isso acarretou conseqüências terríveis com relação ao patrimônio artístico da igreja.


Uma adequação funcional


O problema de fundo é que não estava bem claro, para todos, o que se entendia por liturgia e reforma litúrgica. Com efeito, depois de tantos anos de fixismos rituais não foi fácil descobrir: de uma parte, existiam os que consideravam as mudanças como um ato de destruição da religião; por outro lado os que achavam que toda mudança e novidade constituía uma reforma e um progresso. Mas, querer mudar uma maneira habitual de proceder bem como a imagem das estruturas e sua colocação, sem ter feito uma prévia apresentação das modificações e sem ter preparado uma nova mentalidade foi uma pura ilusão. Hoje é claro que de fato, no contexto celebrativo dos nossos dias, mudou o aspecto exterior das coisas mas a mentalidade permaneceu a mesma, e teve grande peso a falta de consideração com relação à importância do SINAL sobre o qual se apoia toda a celebração litúrgica. Iniciando pela Encarnação, Cristo expressa a sua vontade salvífica através da materialidade dos sinais e a mensagem implícita nos mesmos. A falta de conhecimento do seu significado autêntico faz com que se torne imprescindível realizá-los na mesma perspectiva na qual Cristo os escolheu e sucessivamente os transformou, esquecendo-nos das finalidades sobrenaturais. Infelizmente no passado a devoção sacralizou os gestos, o mobiliário e objetos litúrgicos, jogando sobre o fiel o dever da veneração mais que a compreensão; desta forma a ação que demandava sinais não traduzia a autenticidade da iconografia que lhe era própria e muito menos a mensagem iconográfica implícita. Portanto, tornava-se difícil entrar profundamente no mistério que se celebrava.

É necessário, antes de tudo, descobrir o valor originário, natural e ao mesmo tempo fortemente simbólico dos sinais litúrgicos cristãos, para dar início a autêntica reforma celebrativa. Jesus, instituindo os sacramentos, atuou num preciso quadro iconográfico: escolheu, por razões óbvias, algumas realidades naturais porque trazem em si mesmas um significado análogo ao que Ele queria que se realizasse no plano sobrenatural. Muito eloqüente é o exemplo que nos vem da instituição da Eucaristia. Jesus tomou o pão e o vinho, dois elementos fundamentais para a alimentação humana, fruto não só da terra, mas também "do trabalho do homem" portanto realidades que provêm da natureza e depois são elaboradas pela fadiga humana. Ele os tomou e os deu aos seus apóstolos para que comessem e bebessem. Os ofereceu num contexto bem preciso: o banquete, realidade carregada de sentimentos que caracterizam as relações familiares e de amizade; num banquete que não foi ocasional nem habitual, mas ritual e solene; na ocasião da celebração profética da antiga Pasqua, numa sala preparada para a festa: "Desejei ardentemente comer esta páscoa com vocês" (Lc. 22,15).Jesus se serviu iconograficamente de todas essas realidades por causa do conteúdo iconológico próprio, não negando, mas sublimando a sua mensagem natural. É através do mistério da última ceia que ele passou o sentido da doação do seu corpo e do seu sangue, doação que sacramentalmente transforma a natureza mesma daquele pão e vinho colocados sobre o altar. Por conseqüência a celebração Eucarística, lida na pregnância do sinal, mais que a "presença real" de Cristo visa sublinhar a grandeza do dom que é o seu corpo e sangue redentor: "Tomai e comei, isto é o meu corpo... tomai e bebei, isto é o meu sangue" (conf Mt. 26,26-27).Esta referência pode servir de exemplo para compreender melhor como, para realizar uma verdadeira reforma litúrgica, faz-se necessário esclarecer a identidade dos elementos celebrativos, buscando a verdade ofuscada ou adaptada a diversas situações históricas. Somente isso nos permitirá realizar de forma autêntica os sinais, através dos quais, diz a definição conciliar da liturgia, "realiza em modo próprio a cada um a santificação do homem; nela o corpo místico de Jesus Cristo, cabeça e membros, presta a Deus o culto público integral." (Sacrosanctum C. nº7 EV 1/11). Esta significação, se realizada pela pessoa que acredita e ama, não pode ser feita senão de forma sublime, isto é, artística, no gesto e na ação, seja através das imagens e estruturas.É importante também o convite geral da constituição conciliar sobre a liturgia S.C. no nº21, que pede para rever a iconografia dos pólos celebrativos e restituir-lhes a própria identidade, de forma que eles possam expressar a mensagem litúrgica implícita e conduzir os fiéis a entrar em cheio na celebração. Precisamos ter presente que, sendo a celebração litúrgica um rito, o seu desenvolvimento, assim como os elementos que o envolvem, são carregados de significados, que serão perceptíveis em profundidade somente pelos que foram iniciados.Todos os elementos que compõem o contexto celebrativo estão envolvidos pelo rito, e dele recebem uma carga semântica muito forte; possuem um quadro iconográfico, bem preciso que às vezes precisa vir à tona. É antes de tudo a própria celebração e o contexto no qual ela se dá que "escreve" "marca" a imagem do mistério que se realiza no lugar do culto.


Arquitetura vazia de símbolo


Na liturgia, a arquitetura e a iconografia estão profundamente unidas. Uma contém materialmente a celebração, a outra é a sua expressão.A arte pictórica e escultórea concorrem na explicitação e na comunicação da mensagem própria da ação que se realiza.Infelizmente, como já acenamos no começo, a reação pós-conciliar ao sufocamento que o falso simbolismo produzia, ao decorativismo que tomou conta nos séculos passados das estruturas litúrgicas, levou-nos a um despojamento que abriu mão também do simbolismo autêntico, de modo que não se teve em conta o fato de que em cada estrutura, no contexto litúrgico, existe uma dupla função: aquela prática, em relação com a ação material que a envolve e a simbólica, expressa pela celebração do mistério entendido como lugar da ação.A iconografia é dúplice: aquela inerente e a justaposta. A primeira se expressa na própria celebração e se compõe no contexto de maneira simbólica como expressão do mistério que é celebrado, seja denotando o ato na sua execução material, seja conotando as estruturas que o envolvem. É esta uma iconografia de tipo dinâmico, da qual, após a oração, permanece somente o contexto material e a sua força evocativa. Os elementos constitutivos desse contexto, muitas vezes são enriquecidos pelas contribuições artísticas além das iconográficas, e dão lugar a uma nova iconografia capaz de favorecer uma explicitação iconológica intrínseca e portanto uma maior compreensão dela. Esta iconografia importante, chamada decoração é do tipo estático. Sobrepondo-se à iconografia estrutural ou inerente, algumas vezes não a esclarece e desenvolve mas a sufoca e a torna equivocada, desviando o seu significado com imagens não pertinentes. Exemplo eloqüente é o que aconteceu com a estrutura do altar nos séculos passados. A estrutura arquitetônica sempre teve grande importância no contexto litúrgico. Ela também é iconografia, pois compõe de forma articulada os elementos que envolvem a celebração dos santos mistérios, ricos de sua relativa iconologia. Além disso, uma grande contribuição pode vir da iconografia realizada para o lugar litúrgico. Ela encontra a expressão que lhe é implícita no programa iconográfico, mistagógico, particularmente presente nos lugares de culto dos primeiros séculos cristãos. Ela se propõe, antes de tudo, atrair a atenção dos fiéis para o que está sendo celebrado e inseri-los ativamente neste mistério. Este conjunto iconográfico faz memória das profecias ou das realidades fundantes do mistério litúrgico; torna visível a realidade que ritualmente se celebra e as presenças invisíveis que ele envolve. Conota as realidades intrínsecas à celebração, sublinha-se o simbolismo e a função icônica. Infelizmente com o tempo perdeu-se este tipo de programa. Depois dele ter assumido uma função catequética, depois narrativa, fracionou-se, concentrando-se em sujeitos unitários e atribuindo-lhes não mais a função de meios, mas fins, isto é, transformando-os de simples elementos que acompanhavam a celebração do mistério em objetos de devoção. Isto aconteceu com toda a iconografia das imagens e pinturas dos santos nos últimos séculos. Também as estruturas arquitetônicas e o mobiliário foram alterados na sua imagem e consequentemente acabaram por sublinhar aspectos que não respondem à iconologia do sinal litúrgico celebrado. Para que aconteça de fato uma verdadeira reforma, é necessário rever a iconografia própria do espaço e do mobiliário.A igreja é para a assembléia Começando pelo espaço litúrgico que acolhe a celebração, devemos sublinhar que o termo "igreja" deriva da reunião das pessoas que nela acontece. A sua função primordial, essencial, é acolher a assembléia que se propõe realizar o convite de Jesus: "Fazei isto em memória de mim" (Lc 22, 19); (1 Cor 11, 24). Como afirma Jesus: "Onde dois ou três estiverem reunidos no meu nome, lá estou no meio deles" (Mt 18, 20).A presença do Cristo na Igreja é antes de tudo conseqüência da reunião e possui caráter sacerdotal, isto é, de mediação entre as pessoas e Deus Pai. A dedicação deste lugar a Deus é um ato diferente, não necessariamente em conseqüência do seu uso específico. As pessoas podem reservar convenientemente e de forma exclusiva para Deus e o seu culto, um lugar, e também lhes consagrar qualquer espaço. Esta destinação exclusiva a Deus, pode também acontecer em forma de oferta no sentido de ofertar-lhe uma casa; neste caso a igreja é a "domus Dei" ou basílica. Nesta ótica, a presença das espécies Eucarísticas guardadas no tabernáculo (pequena casa) sublinham o caráter devocional, distinto da celebração litúrgica. A instrução sobre o culto eucarístico no nº49 diz a este respeito: "Não será inútil lembrar que a primeira finalidade da conservação das sagradas espécies fora da missa é para a administração do viático; secundariamente para a distribuição da eucaristia fora da missa e para a adoração do Senhor Jesus presente nas espécies". Por isso, a reserva tem que ser colocada fora do altar. Convém que na igreja exista um lugar distinto, propriamente criado e adaptado onde o fiel possa permanecer em oração, encontrar alívio e tranqüilidade espiritual, acolhendo o convite de Jesus: "Vinde a mim, todos vós, que estais cansados, afadigados e oprimidos e eu vos restaurarei" (Mt 11,28).Esta verdade nos é garantida pelo infinito gesto de amor de Jesus que chegou até o dom do seu corpo e sangue, disponibilizando-os para o nosso alimento espiritual.

A autêntica tomada de consciência da natureza própria do lugar do culto cristão pode ser favorecida através de uma oportuna iconografia ou decoração, que com a arte figurativa ou abstrata faça reviver os momentos e os sentimentos transmitidos pela Palavra de Deus e pelos sinais salvíficos realizados por Cristo.

Na Igreja, a reunião dos fiéis a partir do convite de Jesus, acontece para testemunhar-lhe o nosso amor, para escutar a sua Palavra, para proclamar o seu louvor e participar do banquete por Ele preparado; tudo isto comporta a presença de algumas estruturas, que são: o altar, o ambão a pia batismal e a cadeira. Para que haja participação ativa é necessário compreender a iconologia própria dessas estruturas, que geram um espaço específico.


Texto de Vicenzo Gatti(il regno – atualità – 2/2003)Tradução livre de Ir. Laide Sonda

sábado, 16 de junho de 2007

LITURGIA LUTERANA

CULTO LUTERANO

Para iniciar, é importante definir o que seja "culto". Sinteticamente, culto é "o encontro da comunidade com Deus". Esse encontro só é possível porque Deus permite e reúne a comunidade. Não é a comunidade que convoca, mas Deus se coloca à disposição (Mt 18.20) e foi Ele que ordenou que esse encontro acontecesse (1 Co 11.24 e 25). Deus ordena e vem ao encontro da comunidade no culto. Não só o/a pastor/a, mas também comunidade toda é responsável para que seja um bom encontro com Deus. O/A pastor/a ajudam a comunidade a celebrar o culto, a celebrar o encontro com Deus. A liturgia é justamente o "conjunto de elementos e formas através dos quais se realiza esse encontro" (Nossa liturgia: das origens até hoje. Fascículo 1).

A Confissão de Augsburgo, texto base da confessionalidade luterana, diz em seu Artigo VII que não é "(...) necessário que as tradições humanas ou os ritos e cerimônias instituídos pelos homens sejam semelhantes em toda a parte". Portanto, não é a afirmação rígida de uma mesma forma de culto que garante a unidade da igreja. Para isto, afirma o mesmo artigo, "(...) basta que haja acordo quanto à doutrina do evangelho e à administração dos sacramentos".
Esse elemento da confessionalidade luterana permitiu, ao longo dos séculos, liberdade e criatividade nas formas litúrgicas na família luterana. Assim, as igrejas luteranas dos estados territoriais da Alemanha desenvolveram suas formas litúrgicas sem se preocupar em ter uma proposta comum. O caso do luteranismo brasileiro tem uma história peculiar, pois as comunidades de origem alemã foram adotando as tradições litúrgicas das igrejas de origem dos pastores que foram vindo para o Brasil. Em grande parte, as comunidades adotaram a Agenda Litúrgica da Igreja Evangélica na Prússia, que já era uma igreja resultante da fusão de protestantes de origem reforma e luterana. Também a veste litúrgica (Veste Talar) em uso na Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) é uma herança da Igreja Evangélica na Prússia. Outras comunidades adotaram a Agenda Litúrgica da Igreja Evangélico-Luterana na Baviera. As comunidades do Espírito Santo adaptaram da Agenda Litúrgica para as Comunidades Evangélico-Luteranas seu modelo litúrgico. Não obstante essas formas litúrgicas que, mais que história, representam uma herança e uma tradição, a IECLB vem buscando traduzir essa herança e tradição em propostas litúrgicas mais atuais, mais contextuais e, ao mesmo, alicerçadas na herança comum do cristianismo. Duas preocupações norteam as novas propostas: manter a abertura ecumência para que novas formas litúrgicas não signifiquem mais enclausuramento confessional e manter a liberdade criativa das comunidades a fim de que preservem sua autonomia litúrgica e contextualidade.

A ordem do culto no brasil
A Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) aprovou no XXII Concílio da Igreja, em outubro de 2000, em Chapada dos Guimarães, MT, a seguinte ordem de culto:
liturgia de abertura
Sino - Prelúdio
Acolhida
Cântico de entrada
Saudação (apostólica ou trinitária)
Confissão de pecados (de várias formas)
Kyrie Eleison (lamento pelas dores do mundo)
Glória in excelsis (louvor)
Oração do dia

liturgia da palavra
Leituras bíblicas (Lecionário)
Cânticos intermediários
Pregação (interpretação)
Confissão de fé
Comunicações (que implicam a oração da Igreja)
Oração de intercessão
(Se for culto da Palavra passa para o Pai-Nosso, avisos, benção, envio, hino. Neste caso, as ofertas podem ser recolhidas após o Credo)
liturgia da eucaristia
Preparo da mesa e ofertório (levar elementos da Ceia e recolher as ofertas)
Oração do ofertório
Oração Eucarística
Pai-Nosso
Gesto da paz
Fração
Cordeiro de Deus
Comunhão
Oração pós-comunhão

liturgia de despedida
Avisos comunitários
Benção
Envio
Hino

Essa proposta é um "esqueleto" mínimo que, ao mesmo tempo que cria um sentimento de pertença para membros que visitam outras comunidade da IECLB em outras localidades do país, garante a liberdade litúrgica das comunidades.


domingo, dia do culto

Conforme o testemunho bíblico, ao ser humano cabe trabalhar seis dias e descansar no sétimo. Não só o ser humano descansa, mas toda a criação. Descansar completa a suprema dignidade de tudo o que foi criado. Deus não criou apenas para ser gasto, usado, consumido e explorado, mas, e principalmente, para fruir, para saborear.
Este "dia de descanso" de tudo o que foi criado por Deus foi desde sempre santificado e chamado "dia do Senhor". O "dia do Senhor" é, portanto, oferta generosa do Criador para que toda a sua criação se recupere, restabeleça-se em todos os sentidos para a luta do do dia-a-dia. Assim, toda a criação repousa e dedica-se em gratidão ao Criador de toda a vida.
Para as primeiras comunidades cristãs o primeiro dia da semana, o domingo, tornou-se o "dia do Senhor", pois nesse dia deu-se o evento central da fé cristã, a ressurreição. Na ressurreição de Cristo, Deus coloca o horizonte a que se destina toda a criação: a redenção (Rm 8.18-25). Cristo é o "cabeça", o Senhro da Igreja. Por isso, os luteranos entendem, que o domingo é o dia apropriado para o descanso da criação e para render culto a Deus, celebrando em antecipação a glória futura a que toda a criação está destinada.


música

O canto
O canto é uma das marcas da tradição luterana, principalmente o canto comunitário. A Reforma, em suas propostas litúrgicas, estimulava a participação da comunidade com o canto. Lutero mandou imprimir o primeiro hinário em 1524. Ele mesmo compôs vários hinos, entre eles o "Castelo Forte" - o hino da reforma.
Hinários
O hinário em uso hoje na Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) chama-se Hinos de Povo de Deus (HPD) e tem 306 hinos. Nesse hinário temos hinos que vão do século XVI ao século XX. Muitos desse hinos são "clássicos" da hinologia luterana e certamente estão na base da espiritualidade das comunidades. Cantá-los evoca o sentimento de pertença à família luterana e ao Povo de Deus. Na segunda metade de 2001, a IECLB lançou o Hinos de Povo de Deus 2 com 185 hinos novos. Com mais esse hinário, a IECLB acolhe hinos mais recentes e que, de alguma forma, já haviam sido incorporados ao dia-a-dia das comunidades.

Além desses hinários oficiais, as comunidade, os setores de trabalho e os movimentos dentro da IECLB têm a liberdade de lançar coletâneas de hinos mais identificados com sua proposta e sem o compromisso de oferecerem hinos para todos os períodos do ano litúrgico. Para ficar só dois exemplos de circulação nacional, citamos o "Cantarei ao Senhor" (vários volumes) e "O povo canta", que procura oferecer subsídios e hinos para todo o ano litúrgico.
Acompanhamento musicalO canto comunitário é tradicionalmente acompanhado de orgão ou harmônio. Entretanto, o canto tem renovado sua linguagem e também as possibilidades de acompanhamento. Hoje já encontramos comunidades onde o canto se faz acompanhar de piano, violão ou bandas. Uma forte característica das comunidades luteranas é o canto coral. Em momentos especiais ou reforçando a celebração dominical, o coral enriquece o louvor da comunidade.
Fonte: Site da IECLB

quarta-feira, 13 de junho de 2007

LITURGIA DA IGREJA ORTODOXA


Eu, porém, pela tua grande misericórdia entrarei na Tua casa; prostar-me-ei com temor no teu Santo Templo. (Sl 5,8)
Eu os conduzirei ao Monte Santoe os encherei de alegria em minha casa de oração.
Seus holocaustos e sacrifícios subirão agradáveis ao meu Altar,porque o Meu Templo será chamado Casa de Oração para todos os povos. (Is 57,6)


Introdução
Igreja Ortodoxa adora a Deus com o mesmo espírito com o qual ele é adorado no Céu (segundo as revelações presentes em Isaías, Ezequiel e no Apocalipse). Isso supõe a utilização de elementos externos como o incenso, as velas, as vestes litúrgicas, as prostrações, do momento em que adorar a Deus na terra comporta uma experiência que envolve também o corpo. A Igreja venera a cruz, os evangelhos, as imagens de Cristo e, por extensão, todos os ícones dos santos. Prestando-lhes homenagem, o fiel se volta ao Protótipo por ele representado (Cristo).

Todo ato litúrgico da Igreja Ortodoxa não é, absolutamente, vivido como uma ostentação triunfalística, pois os sinais servem para convidar o fiel a voltar o próprio olhar sobre si e não para fora de si. A Liturgia não quer atingir a imaginação nem seu fim é doutrinar e submeter os fiéis ao poder de outros homens que decidam por eles. A Igreja e a Liturgia outra coisa não são do que um ambiente no qual saímos de nós fisicamente e espiritualmente para conseguir sempre mais e sempre melhor voltar o próprio olhar em si mesmo, lugar no qual Deus se revela. Para tal fim, é indispensável abrir os olhos do coração, isto é, da própria interioridade.


O primeiro exercício que o fiel deve cumprir é o de afastar-se dos pensamentos e das fantasias da vida mundana, fazer um profundo silêncio sobre si. Somente assim os sinais e os símbolos litúrgicos começam a interpelar e a interagir com a interioridade do homem.
A Liturgia, com os seus gestos e palavras, entra, envolve e “prende” o cristão de dentro para fora. O resultado é aquele de sentir de maneira clara e sensível a intervenção de algo novo, de uma força anteriormente desconhecida. Tal força, que se faz sentir claramente em quem começa a abrir os olhos diante deste tipo de experiência, tradicionalmente é chamado pela Igreja com o termo “Graça”. É somente assim que a Igreja, em lugar de ser transformada pelo mundo, transforma o mundo e, através do culto prestado a Deus, confessa aquilo que crê e que vive, terminando por irradiar uma realidade que não é humana (“Eu vos dou a paz, minha paz eu vos dou. Não como o mundo a dá, eu a dou para vós...” Jo 14,27).
Naturalmente, sendo como uma reunião, a Liturgia exige empenho. As palavras cantadas devem, tornar-se mentalidade e vida de quem as canta e isso pode perturbar o cansado e ignorante cristão moderno.


Outro elemento que particularmente perturba o homem de hoje é o tempo dedicado ao culto. No Ocidente, uma Missa dominical que supere meia hora traz cansaço. No Cristianismo Ortodoxo, a Divina Liturgia (a Santa Missa) dura ao menos uma hora e meia. Se ainda é precedida de algum outro ofício, dura duas horas e meia. Dá-se o caso em que diversos ofícios com a Divina Liturgia durem também 12-13 horas, tendo início à tarde e terminando na manhã seguinte. Neste caso, estamos diante das assim chamadas “Vigílias”ou “Agripnie”. Experiências deste tipo mostram a extrema relatividade do tempo e fazem entrar num outro tipo de dimensão onde Liturgia e vida coincidem. Tudo isso nada mais é do que uma antecipação daquilo que será o Paraíso no qual não existirá o tempo, mas um eterno presente.


Contudo, o tempo litúrgico é um elemento que o cristão ortodoxo vive de modo profundamente diverso em comparação com o cristão ocidental. Enquanto que no Ocidente o cristão é “obrigado” a permanecer firme em seu posto, a estar atento, a não sair da igreja antes do tempo, no Oriente o cristão se aproxima da Liturgia com o espírito com que o sedento se aproxima da fonte. Quanto maior a sede, maior sua vontade de beber. E a fonte não pára de jorrar água, estando ali para isso.


Estás cansado? Ninguém te obriga a permanecer (na Ortodoxia não existe o preceito festivo, ou seja, a obrigação de ir a Missa no domingo). Estás com sono? Por um momento, dorme! (Às vezes os visitantes não ortodoxos ficam um pouco desconcertados quando vêm algum monge dormindo na igreja durante os longos ofícios matutinos).


A Liturgia é como uma nave na qual tu estás viajando. Quer durmas, quer estejas vigiando, a nave continua navegando. A Liturgia é como o alimento que a criança prende quando está no ventre da mãe (a Igreja). O fato de que ele esteja aparentemente sem fazer nada não significa que ele não cresça. Como a criança no ventre materno, assim o cristão. Isso permite, também hoje, a conservação dos tempos de celebração que o Ocidente tinha há muito tempo atrás. Evidentemente, com isso, o fiel não é convidado ao desempenho, pois mesmo quando repousa, o faz para recomeçar a trabalhar com maior zelo. O tempo é dado exatamente para trabalhar a si mesmo e para crescer, não para distrair-se infinitamente como crianças num parque de diversões.


Contudo, é totalmente estranho ao espírito ortodoxo uma participação que envolva os crentes estética, sentimental ou intelectualmente. A Igreja não é um teatro ou um espetáculo televisivo! Muito menos é uma cátedra universitária. Os homens entram na igreja para serem ontologicamente transformados e curados, não para permanecer o que eram antes de entrar com alguma consolação sentimental a mais! É também completamente estranho ao espírito ortodoxo viver a Liturgia como se fosse um diálogo entre o padre e os fiéis, ou como se fosse um momento em que se possa ministrar a catequese. A Liturgia é o lugar onde fala a força de Deus, não onde se demonstra a razão dos homens, por mais justa que possa parecer.


Hoje como ontem, a Liturgia da Igreja Ortodoxa oferece, a quem o deseja, uma perspectiva diversa na qual se espelha e se reflete misticamente a inefável presença de Deus, único horizonte de esperança num mundo enlouquecido sempre mais à procura de sentido. A beleza litúrgica como revelação de Deus e oferta do homem.


A Liturgia da Igreja Ortodoxa é um ícone completo da Liturgia Celeste, uma imagem da eternidade. Cada elemento seu é utilizado para revelar ao coração do homem a beleza do Reino de Deus. Quer na língua grega, quer na hebraica, o termo “belo” significa também bom. A verdade de Deus é também uma beleza: uma beleza que atrai o coração do homem. Para poder compreendê-la, o homem deve adquirir aquele espírito de criança do qual nos fala Cristo. Este espírito não é a ingenuidade ou a afetação, mas aquela possibilidade insubstituível de maravilhar-se, através da qual Deus se deixa descobrir no mais profundo de nós mesmos. Somente os corações puros, simples e humildes diante de Deus podem captar a beleza na qual Ele nos mostra sua Face, no radiante esplendor de seu amor. O ensinamento das iconografias, a riqueza dos textos litúrgicos, como o conjunto daquilo que se pode definir a “estética” litúrgica, não se orientam unicamente para a razão; antes de tudo, falam ao coração do homem. Portanto, a Liturgia é feira para envolver o homem, nutri-lo, iluminá-lo.


O fiel que participa da oração da Igreja não o faz para concentrar-se intelectualmente num ensinamento codificado, mas para impregnar-se da beleza da Liturgia, mergulhar em sua atmosfera, nutrir sua alma, o coração e o espírito. Repetimos: é preciso entrar n a Liturgia como uma criança que saboreia com surpresa as maravilhas do mundo, o que comporta uma atitude pacífica, ao mesmo tempo distendida e concentrada. É por isso que os ofícios litúrgicos – às vezes muito longos – não são vividos nos termos de obrigação, mas como uma vida na vida onde o tempo pára, numa pregustação do Reino futuro no qual é importante uma certa ascese para permanecer em pé e atentos.


Na Liturgia, a beleza não é somente um ícone da glória de Deus porque foi dedicada a Deus. Por “dedicada” deve-se entender literalmente “oferta a Deus como oferta sacrifical”. No seio da Liturgia o homem é chamado a render a Deus tudo aquilo que faz parte de sua vida, tudo o que a torna preciosa, tudo quanto constitui um dom de Deus e o transforma em ação de graças.
Ora, o sentido do belo é certamente o sinal mais profundo da imagem divina no homem. Manifestando a beleza litúrgica em todos os seus aspectos, o homem não oferece a Deus apenas os talentos que Ele lhe deu para multiplicar, mas realiza também aquela capacidade inestimável de poder maravilhar-se diante da beleza plasmada pelo homem para ser ícone de Deus.


Fonte: Ortodossia Cristiana Traduzido gentilmente do Italiano para ecclesia por: Pe. José Artulino BesenITESC/Florianópolis - SC

A LITURGIA COMO CELEBRAÇÃO


Pedro Boléo Tomé
Revista Celebração Litúrgica

Hoje em dia é usual aplicarmos o termo celebração à liturgia. Referimo-nos aos sacramentos e à liturgia como algo a celebrar. No entanto, nem sempre foi assim. Pelo que pode ser pertinente perguntarmo-nos: que queremos dizer quando afirmamos que vamos celebrar um sacramento? Que significado possui esse termo e quais as suas dimensões? Em que consiste a acção de celebrar e de onde vem? Qual a sua relação com a liturgia?

Estas são algumas das questões que nos propomos analisar, ainda que muito brevemente, neste artigo.

Celebrar o Mistério de Cristo

A celebração tem uma estreita relação com a liturgia e, portanto, com o culto prestado a Deus. Daí que, para chegarmos a esse conceito, nos pareceu conveniente acompanhar a evolução destes dois conceitos ao longo da história da Igreja.

Nos primeiros tempos do cristianismo, a palavra liturgia era utilizada para designar o culto ritual. Depois, o termo perde-se e só volta a surgir na época do Renascimento. No entanto, esta recuperação não é total, pois perde-se uma parte importante do seu significado. Utiliza-se para designar os livros litúrgicos ou, em geral, tudo o que se refere ao culto da Igreja. Começa-se depois a falar da liturgia como um conjunto ritual determinado, isto é, como modo de indicar os diversos modos nos quais se exprimiu o culto cristão ao longo da história. Este uso degenerou na equivalência entre liturgia e ritualidade cerimonial e de rubricas. Esta equivalência permaneceu estável praticamente até ao concílio Vaticano II, não só no uso comum, mas também na própria organização dos estudos eclesiásticos, em cujo âmbito o estudo da liturgia não ia mais além do conhecimento das rubricas que regulam o exercício exterior do culto[1].

A noção de culto, pelo seu lado, é uma noção rica na qual se podem encontrar diferentes dimensões. No Antigo Testamento entendia-se culto de um modo teológico por contraposição ao culto dos povos pagãos, pois para estes a concepção de culto como fenómeno religioso tem um carácter antropológico. Em ambos os casos trata-se de um diálogo entre o homem e Deus mas, no caso de Israel, é Deus quem toma a iniciativa, é Ele quem chama, e o culto é a resposta do homem a essa chamada. Para os outros povos os actos de culto são manifestações da busca de um deus por parte do homem, não existe um momento prévio com Deus por protagonista.

No culto veterotestamentário podemos identificar três dimensões que antecipam o culto cristão: dimensão comunitária (Israel entende-se como um povo que tem uma aliança com Deus e por isso deve dar-lhe culto); dimensão interior (pois as manifestações exteriores de culto devem ser representativas de uma atitude interior); dimensão histórica (o culto de Israel é a resposta às obras de Deus na história do povo, mas representa uma resposta em direcção ao futuro: o Messias)[2].

Com Cristo, estas três dimensões atingem a sua plenitude. Para dar culto em «espírito e verdade»[3] é necessário estar incorporado à Igreja, o novo Povo de Deus (dimensão comunitária)[4].

Incorporados com Cristo, os cristãos dão culto a Deus em todo momento. O culto deixa de estar limitado aos actos rituais. É plenamente interior, obra do Espírito Santo, verdadeiro culto em «espírito e verdade»[5]. A dimensão interior, presente já no Antigo Testamento, adquire agora a sua plenitude.

A dimensão histórica, pelo seu lado, manifesta-se na celebração do evento de Cristo:[6] a celebração eucarística é a actualização do mistério pascal. É a celebração do acontecimento histórico de Cristo e este acontecimento é cultual. Assim, a celebração é toda ela anamnética. Isto é, contém em si uma dimensão passada (porque o acontecimento que se faz presente é um acontecimento passado), uma dimensão presente (actualização desse acontecimento que se deu de uma vez para sempre) e uma dimensão futura (actualização de forma antecipada dos acontecimentos escatológicos)[7]. Se no culto de Israel estas três dimensões eram anúncio, no Novo Testamento são cumprimento.

Nos primeiros séculos da Igreja, e particularmente para os Padres da Igreja, as acções de culto eram compreendidas como celebração do mistério de Cristo, actualização do acontecimento histórico-salvífico do Verbo de Deus encarnado, manifestado, presente e operante através de ritos. Para os Padres, o culto da Igreja não é primariamente a expressão cultual cristã da natureza religiosa da humanidade, mas a manifestação da vontade amorosa do Deus trinitário que, de forma velada, mediante ritos, vem ao encontro do homem, para incorporá-lo ao mistério salvífico de Cristo e convertê-lo em adorador da sua glória.

O culto é, assim, presença e celebração do Mistério Pascal de Cristo, de modo que, pela celebração, o cristão, entrando em comunhão com Cristo, pode oferecer ao Pai um culto interior.

Nas épocas posteriores, vai-se perdendo progressivamente esta consciência. Exceptuando a Eucaristia, as restantes celebrações de culto vão perdendo o seu carácter de actualização do mistério de Cristo, para ser interpretados como momentos nos quais se transmitem méritos da paixão do Senhor,[8] ou então, sendo vistos como manifestações da virtude da religião. Assim, a noção de culto vai perdendo conteúdo teológico progressivamente para, na época do Renascimento, ser identificado com a cerimónia, isto é, com o aspecto externo das relações do homem com Deus. Esta é a concepção que domina até ao século XX (e grande parte do mesmo). Identifica-se culto com o carácter público, comunitário e jurídico dos gestos religiosos que a Igreja vive.

Com o Movimento Litúrgico, a encíclica Mediator Dei e, mais tarde, com a constituição Sacrosanctum Concilium, inverte-se esta situação. Recupera-se o carácter teológico do culto cristão[9], com as suas três dimensões próprias (comunitária, interior e histórica).

Ao recuperar o carácter teológico do culto cristão, recupera-se e generaliza-se o uso do termo liturgia. E o estatuto teológico da liturgia leva, por sua vez, à recuperação do termo celebração. Efectivamente, nos últimos anos, dá-se uma consciencialização massiva de que a liturgia é celebração. A liturgia não se diz nem se faz, celebra-se. Se a constituição Sacrosanctum Concilium utilizava o termo celebração algumas vezes, o Catecismo da Igreja Católica recorre a ele para intitular a sua segunda parte: «A celebração do Mistério Cristão». Por seu lado, no Compêndio, o ponto que abre esta segunda parte pergunta-se sobre a noção de liturgia: «O que é a liturgia? A liturgia é a celebração do Mistério de Cristo e em particular do Mistério Pascal»[10].

Fenomenologicamente, a celebração é uma acção simbólica fora do habitual, composta de gestos, símbolos materiais e palavras que se relacionam entre si. Com efeito, celebrar ou celebração é algo que está imerso na vida do homem e na história, tanto religiosa como profana, da humanidade. Falamos de celebração ou de festa quando se dão um conjunto de circunstâncias ou de acções que têm uma especial transcendência para a comunidade humana, para o grupo ou para o povo. Celebra-se aquilo que interessa profundamente.

Para alguns antropólogos, a celebração é um meio interpessoal de relação e de encontro, isto é, a celebração deve ser compreendida no contexto da pessoa humana e do encontro com o outro na celebração comunitária. Neste sentido, celebrar será uma acção não corrente realizada no contexto de uma comunidade que nessa acção se reconhece como tal comunidade.

Para os cristãos, celebrar recebe um notável aprofundamento. É que a fenomenologia da celebração cristã é incapaz de explicar o acontecimento que nela se realiza. Por isso, em S. Agostinho, o termo celebrare designa tornar visível uma realidade invisível[11]. Efectivamente, o aspecto teológico da liturgia não reside tanto no aspecto fenomenológico (embora seja importante), mas sim em algo que transcende qualquer categoria cultual: o mistério de Cristo. A celebração é, então, o momento no qual a atitude vital de adesão ao Mistério de Cristo se transforma em acto simbólico, ritual e festivo.

A noção de liturgia como celebração implica, portanto, a interrelação das duas características: celebração e mistério de Cristo. Por isso, quando dizemos que a liturgia é celebração do mistério de Cristo, falamos da sua manifestação, do seu fazer-se presente e da sua comunicação num código simbólico que delimita o seu acontecer fora do âmbito do quotidiano. Assim, a celebração litúrgica é presença (dimensão anamnética), comunicação (dimensão epiclética) e manifestação (dimensão epifânica) do mistério de Cristo[12].

Analisemos brevemente cada uma destas dimensões.

Celebrar é tornar presente o Mistério de Cristo (dimensão anamnética)

Toda a celebração é sagrada recordação do acontecimento da salvação. Ela é sempre anamnética – memorial[13]. É portanto, anamnese permanente:[14] uma acção que é presença do acontecimento histórico-salvífico do mistério de Cristo, sucedido de uma vez para sempre. É a presença, sempre actual, do acontecimento salvífico da Páscoa[15]. Tal presença é, como vimos anteriormente, obra do Espírito Santo: toda a obra anamnética é fruto da acção e potência do Espírito[16].

Do ponto de vista fenomenológico, esta celebração anamnética (memorial) é caracterizada pelo seu carácter de re-presentação (voltar a estar presente), não de repetição.

Mas, este carácter memorial, como já referimos, supõe algo mais que a presença puramente fenomenológica. Isto porque a acção simbólica realizada implica relação entre o significante e o significado. No entanto, neste caso, a realidade a significar transcende totalmente a capacidade simbólica. Por isso, a acção simbólica litúrgica é chamada acção sacramental. Neste sentido, a celebração litúrgica é algo único dentro da categoria dos sinais, já que goza desta categoria de sacramentalidade.

Por conseguinte, para interpretar correctamente a celebração litúrgica não é suficiente o código simbólico, é necessária a fé[17]. Porque os símbolos por si sós são incapazes de expressar o que sucede na acção litúrgica. Contudo, pelo poder do Espírito Santo, dentro da celebração do mistério de Cristo realizada pela Igreja, eles adquirem essa capacidade. Aí, nesse lugar e momento concreto, mediante essas acções e através dessa simbologia dá-se, acontece, realiza-se, o único sacrifício de Cristo na Cruz, acontecido de uma vez para sempre[18].

Celebrar é invocar o Espírito Santo (dimensão epiclética)

Existe um momento de particular importância, na oração eucarística e nas outras fórmulas eucológicas maiores[19], em que se invoca o Espírito Santo. É a chamada Epiclese (invocare, em latim). No entanto, toda a celebração é, de alguma forma, epiclese permanente. Com efeito, em toda a celebração litúrgica vem o Espírito Santo como fruto da oração sacerdotal de Jesus[20] actualizada e manifestada na oração eucarística da Igreja. Toda a liturgia é, assim, celebrada mediante uma invocação, e toda a fórmula sacramental é uma fórmula epiclética: uma invocação dirigida ao Pai, pelo Filho, no Espírito Santo. Desta forma, podemos dizer que toda a celebração é fazer epiclese. Assim, afirma o Catecismo da Igreja católica:

«A Epiclese é também oração pelo pleno efeito da comunhão da assembleia no Mistério de Cristo (...). Por isso, a Igreja pede ao Pai que envie o Espírito Santo, para que faça da vida dos fiéis uma oferenda viva para Deus pela transformação espiritual à imagem de Cristo, pela preocupação com a unidade da Igreja e pela participação na sua missão, mediante o testemunho e o serviço da caridade»[21].

O momento cume desta invocação permanente é a epiclese solene e sacerdotal da prece eucarística ou das restantes preces sacramentais, mas toda a celebração está marcada e impregnada de epiclese, da mesma forma que está marcada e impregnada de anamnese[22].

Celebrar é manifestar a fé adorando a Santíssima Trindade (dimensão epifânica)

A celebração, para além de anamnese e epiclese é também doxologia, isto é, louvor, culto, adoração, reconhecimento e acção de graças[23]. O Espírito Santo, que desperta a memória da Igreja (anamnesis), suscita então a acção de graças e o louvor a Deus[24]. A Igreja manifesta assim, na celebração, a sua fé e dirige ao Senhor o louvor, a adoração e as acções de graças que Lhe são devidas. Embora este elemento doxológico predomine nalgumas celebrações e em especial nalgumas orações, ele está presente em todas as celebrações litúrgicas. Toda a celebração é uma acção pela qual se glorifica o Pai por Jesus Cristo no Espírito Santo.

Podemos, desta forma, identificar na celebração as suas duas dimensões próprias: descendente (Deus que vem ao encontro do homem e derrama as suas graças) e ascendente (resposta do homem como adoração, louvor e acção de graças).



Após estas considerações torna-se claro que a celebração é algo de grandioso que não se reduz, antes, ultrapassa largamente a cerimónia celebrada. Isto é, não se limita a uma acção externa sujeita a uma norma ou costume. A celebração é simultaneamente acção de Deus e acção do homem. Deus que vem e o homem que responde. Ela é, portanto, acto, acção expressiva, ritual da Igreja, mas, simultaneamente, actualização, manifestação e comunicação do mistério da salvação.





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[1] Cfr. S. MARSILI, Liturgia, em “Nuevo Diccionario de Liturgia”, D. SARTORE - A. TRIACCA (ed.), Madrid 1987, p. 1145 s.

[2] Cfr. J. LÓPEZ, En el Espíritu y la verdad, I, Salamanca 1987, pp. 27-30.

[3] Cfr. Jo 4, 23-24.

[4] Cfr. CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, 1141-1143; M. SODI, Culto, em “Nuevo Diccionario de Liturgia”, D. SARTORE - A. TRIACCA (ed.), Madrid 1987, p. 341.

[5] Jo 4, 23-24.

[6] Cfr. CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, 1085.

[7] Cfr. CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, 1090, 1104.

[8] Cfr. J. CORBON, Liturgia alla sorgente, Roma 1983, p. 118.

[9] Como um momento em que a redenção se faz presente e operativa nas celebrações da Igreja (cfr. SC 6), sendo anúncio e realização dessa obra redentora , mas também, antecipação dos acontecimentos futuros (cfr. SC 8).

[10] COMPÊNDIO DO CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, 218.

[11] Cfr. M. SODI, Culto, em “Nuevo Diccionario de Liturgia”, D. SARTORE - A. TRIACCA (ed.), Madrid 1987, p. 337.

[12] Cfr. CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, 1092.

[13] Cfr. Ibíd., 1099. Na fé da Igreja uma celebração memorial não é uma recordação subjectiva, mas um acontecimento ritual que torna presente o acontecimento salvífico acontecido na história de forma perene e continuada.

[14] Cfr. J. LÓPEZ, En el Espíritu y la verdad, I, Salamanca 1987, p.220.

[15] Cfr. CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, 1103 s.

[16] Cfr. Ibíd., 1104.

[17] Cfr. Ibíd., 1153; SC 59.

[18] Cfr. CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, 1152.

[19] Cfr. CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, 699, 1105-1106, 1109, 1238, 1353.

[20] Cfr. Jo 14, 16.

[21] CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, 1109.

[22] Cfr. J. LÓPEZ, En el Espíritu y la verdad, I, Salamanca 1987, p.220.

[23] Cfr. CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, 1103, 2641, 2855-2856.

[24] Cfr. Ibíd., 1103.

LITURGIA METODISTA

Pastoral do Colégio Episcopal sobre o Culto na Igreja Metodista

O Colégio Episcopal publicou os "Rituais da Igreja Metodista.
Quando decidiu lançar a sua 2a edição, aprovou também a publicação de

uma Pastoral contendo dois importantes documentos:
- "O Culto na Igreja em Missão'', que reflete sobre o culto, sua ligação com
a missão e a ordem de culto metodista, e;
- “O Calendário Litúrgico", que é o calendário cristão como
assumido pelo povo chamado Metodista.
O QUE NOS MOVE PARA O CULTO,
O QUE NOS MOVE NO CULTO E
QUE QUE NOS MOVE NA MISSÃO
Falando sobre esse enfoque, o Colégio Episcopal afirma: “O culto é a fonte e o ápice da missão. Como Igreja, entramos no culto para adorar e
saímos para servir. Não há Igreja se não houver adoração e serviço. A
importância do culto na vida da Igreja é inquestionável ao nos darmos conta
de que passa por ele tudo de importante que, de uma forma ou de outra, o
povo de Deus faz.”
Afirma também: “O culto tem um caráter tão amplo quanto a própria vida da
comunidade de fé. Sua expressão está longe de ser simplista. No culto, a
Igreja adora a Deus, ora, lê, medita e ouve a pregação da Palavra, rende
graças pelos frutos do seu trabalho, celebra o nascimento, o crescimento e a
união dos seus filhos e filhas, participa da comunhão eucarística, intercede
pelos que sofrem, chora os seus mortos e também se prepara para a missão.
Assim, no culto, a igreja se expressa por meio de orações, afirmações de
fé, antífonas, litanias e responsos, e também por hinos e música instrumental,
por meio do silêncio e da contemplação, e, ainda, por meio de atos e
gestos simbólicos e sacramentais. Enfim, as maneiras e formas de
expressão são tão variadas quanto é diversa e rica a experiência de fé do povo
de Deus.”
LITURGIA E DA VIDA
Os Bispos afirmam que “é fundamental que todos os membros da
Igreja Metodista sejam conscientizados do significado, do conteúdo e das implicações para a missão, que envolvem o culto.”
E destacam, entre outras:
1 - Primeiramente, deve-se ter claro que o centro do culto é Deus. É
Ele quem dá o primeiro passo e toma a iniciativa de vir ao nosso
encontro. O culto é uma atitude e urna atividade constantes do
povo de Deus, que, em comunhão e resposta à iniciativa divina,
presta seu serviço de adoração para a Sua honra e glória (At 2:42-47;
26:7). O culto cristão não é um ato programado para satisfazer
necessidades de caráter individualista, homenagear qualquer pessoa
ou fortalecer qualquer organização terrestre, nem tampouco para
cumprir ordens eclesiásticas, mas sim para glorificar e render
graças a Deus na unidade da fé e em espírito e verdade.
2 - Uma segunda compreensão fundamental é que essa comunhão com
Deus e com os fiéis, celebrada no culto, prepara a Igreja para a missão.
O culto tem uma dimensão horizontal e outra vertical. A dimensão
vertical é contemplada pelos atos de piedade realizados pelos filhos e
filhas de Deus por meio das orações, das ações de graças, dos louvores,
das meditações, da leitura das Escrituras, etc. A dimensão horizontal é
contemplada pelas obras de misericórdia realizadas pela igreja quando ela se
abre para a missão e o serviço ao povo, por meio do socorro prestado aos
que sofrem as dores do corpo, da alma e do espírito. O culto é, a um só tempo,
um chamado e um envio: um chamado à comunhão com Deus e com o Seu
povo e um envio para o serviço, especialmente aos mais necessitados.
Portanto, o culto é um encontro um diálogo entre Deus e o Seu povo, dos fiéis
entre si e da Igreja com o mundo.
3 - Uma terceira compreensão importante é que o culto se desenvolve por meio
da liturgia preparada para tal. A Bíblia oferece várias orientações práticas
sobre como deve ser o culto. Essas orientações podem ser sintetizadas na
palavra do apóstolo que diz: "Tudo seja feito com decência e ordem". A essa
ordem, à qual o texto bíblico se refere, dá-se o nome de liturgia. Liturgia é a
palavra bíblica que aparece nos originais gregos (inclusive na Septuaginta,
que é a versão grega do Antigo Testamento) para designar o culto público
prestado a Deus pelo Seu povo. (...) O Novo Testamento e, mais tarde, a
Igreja Cristã em geral passaram a empregar esse termo “liturgia” para
designar a ordem do culto público, especificamente a celebração
eucarística. Portanto, a palavra liturgia não tem nada a ver com o sentido
pejorativo que lhe tem sido atribuído de forma indevida.

4 Como decorrência da necessidade de ordem, deve-se ter clara a compreensão
das partes essenciais do culto cristão, sem as quais este se descaracteriza e
deixa de ser culto, e deixa de ser cristão. A estrutura fundamental do culto
cristão é trinitária:

a) num primeiro momento, a igreja se apresenta na presença de Deus, o
Pai, para adorá-lo.
b) A santidade de Deus é tamanha que revela as imperfeições humanas
de tal modo que todos se reconhecem pecadores e carentes da graça de Deus,
que é oferecida na pessoa do Filho: Jesus Cristo é o Cordeiro de Deus, que tira
o pecado do mundo. Jesus é, também, o Verbo que se fez carne, a Palavra de
Deus encarnada, que habita entre nós e dá a Sua vida (Seu corpo e Seu
sangue) em favor da humanidade. Assim, a igreja recebe o perdão, ouve a
proclamação do Evangelho e realiza o memorial anunciando a morte de Jesus
até que Ele venha.
c) Finalmente, pela ação e inspiração do Espírito Santo, a comunidade de
fiéis é capaz de compreender a Palavra de Deus, ouvir seu desafio missionário
e dispor-se para o serviço ao povo.
Diante disso, são afirmativas e ponterações da Pastoral do Culto de uma
Igreja em Missão:
- “De acordo com as Normas do Ritual da Igreja Metodista, o "culto público,
promovido pela Igreja, é uma parcela do serviço total do povo de Deus, no qual o
Senhor vem ao seu encontro, requer a sua adoração, mostra-lhe o seu pecado,
perdoa-lhe quando se arrepende, confia-lhe a sua mensagem e espera sua resposta
em fé, gratidão, amor e obediência" (Cânones 202, Parte geral, art. 7°)”.
- “A Igreja Metodista estabelece, portanto, a seguinte ordem para o culto:
Adoração, Confissão, Louvor, Edificação, Ação de Graças e Dedicação. O Pai é
glorificado na Adoração, que também nos chama ao arrependimento; a comunidade
confessa ao Pai os seus pecados e recebe, pelos méritos do Filho, o perdão; em
resposta c gratidão pelo perdão, louva a seu Salvador e dispõe-se para ouvir a Sua
Palavra; essa Palavra recorda os atos salvíficos de Deus em Cristo e culmina com o
sacramento eucarístico memorial; por fim, movida pelo Espírito Santo, a igreja se
dispõe no altar de Deus para cumprir a missão que recebeu de Cristo, bem como
apresenta suas orações em favor de todos os que sofrem.”
- “Portanto, liturgia é o serviço comunitário celebrado pelo povo de Deus por meio
da adoração à Trindade e da solidariedade aos da família da fé, bem como a toda a
comunidade humana. Dizendo de outra forma, a liturgia é um diálogo interativo
entre Deus e os seres humanos e destes entre si, no contexto celebrativo cia fé,
na forma de um serviço comunal comunitário e comunicacional - porque é
prestado por todos e para todos."
- “O verdadeiro culto, portanto, é aquele que se evidencia no serviço a Deus, no
exercício dos diversos dons e ministérios, no compromisso com a vida e com
a dignidade humana, na luta pela paz e pelos mais altos valores da vida, na
solidariedade, na vivência do Evangelho e dos valores do Reino de Deus. Em
outras palavras, o culto constituído do verdadeiro sentido é aquele que
motiva e envia os membros da igreja para o cumprimento da missão.”
- “É necessário que nossa vida seja um culto a Deus para que o nosso
culto a Deus tenha vida. O culto na igreja missionária deve levar em conta
os vários aspectos da liturgia e se desenvolver de forma organizada,
motivadora e inspiradora da missão. Ao participar do culto, o membro da
igreja deve se sentir fortalecido, alimentado e preparado para servir a Deus em
todos os momentos da vida. A liturgia deve possibilitar que todas as pessoas da
comunidade participem de todos os momentos celebrativos.”
O PASTOR, A PASTORA E O CULTO
Falando sobre o pastor(a) e o culto, os Bispos afirmam na Pastoral:
“Seguindo as premissas bíblicas, podemos dizer que o ápice do pastoreio se
dá na condução da liturgia e no uso do púlpito, pois é pela pregação da
Palavra de Deus que o pastor e a pastora conduzem e orientam o
rebanho, o alimentam e o desafiam ao serviço cristão e ao
comprometimento com o Evangelho de Jesus Cristo.”
“A unidade –doutrinária, missionária, pastoral e eclesiológica – passa pelos
púlpitos das nossas igrejas. John Wesley procurava supervisionar os pregadores,
a fim de que não se infiltrassem doutrinas hostis ao Evangelho de Jesus Cristo e
ao movimento metodista. Nós devemos observar como têm sido realizados
nossos cultos e o que eles apontam em termos de serviço a Deus.”
O Colégio dos Bispos Metodistas deixa, então, as recomendações
pastorais que se seguem:
1 - “A recomendação aos discípulos na Igreja Primitiva era a seguinte:
"Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não; corrige, repreende e
exorta com toda a longanimidade e doutrina" (2Tm 4:2). No texto, encontramos
quatro sinais que orientam a proclamação da Palavra de Deus:
a) uma proclamação urgente -"instar" tem o sentido de estar sempre pronto
e disponível;
b) uma proclamação contextual - "corrige, repreende e exorta", pois a
Palavra de Deus é útil para o crescimento na vida cristã;
c) uma proclamação paciente –"com longanimidade", pois o pregador deve
ser paciente, uma vez que a responsabilidade pelos resultados é do Espírito
Santo;
d) uma proclamação inteligente – "com doutrina", pois a pregação deve ser
acompanhada do ensino. Nessa expressão está o registro histórico de que a
pregação ocupou, ao lado da Ceia, um lugar de destaque entre os primeiros
cristãos. Para William Barclay, a "pregação era a principal via de conversão na
Igreja Primitiva".”

2 - “ A pregação é o momento no qual o pastor e a pastora alimentam o rebanho
e orientam sobre a vida, sobre a fé, sobre o discipulado, sobre a esperança, sobre
o serviço cristão, sobre a família, etc. Por isso, devem dedicar tempo para a
oração, leitura, reflexão, preparo do sermão e da liturgia do culto. A Palavra
deve ser visitada assiduamente pelo pregador e pela pregadora. para seu melhor
reconhecimento e para ser mais bem-anunciada.”
3 - “O uso do púlpito é de responsabilidade do pastor e da pastora. Nenhuma
pessoa deve ocupar o púlpito da igreja sem o consent imento prévio do
pastor ou da pastora. É responsabilidade pastoral o que vai ser pregado c
anunciado a partir do púlpito, pois ele é o lugar reservado para a
proclamação da Palavra de Deus”.
4 - “Os temas bíblicos abordados devem seguir o calendário litúrgico, as
ênfases doutrinárias da Igreja e os temas estabelecidos por ela, além de atender às
necessidades pastorais das famílias e membros da igreja e da comunidade em
geral. As mensagens devem ser biblicamente fundamentadas. O púlpito é o lugar
eminente para a pregação evangélica, e não lugar de abstrações ou discussões
teóricas, excessivamente particularizadas e personalistas. A pregação é o
momento oportuno para a edificação dos membros da igreja, objetivando-se o
trabalho missionário como expressão do serviço a Deus.”
5 - “Compete ao pastor e à pastora orientar e preparar as pessoas que vão
participar na direção dos vários momentos dos cultos, inclusive na
condução dos cânticos, nos testemunhos, na comunicação de avisos, etc.,
para que esses momentos sejam inspiradores da fé e da dedicação a Deus.”
6 - “O envolvimento de pessoas presentes na congregação é fundamental para
que o culto seja a expressão do povo de Deus como um todo, e não
apenas dos dirigentes. Leituras bíblicas, orações e participações programadas
devem receber or ientação e preparação prévia, para que não haja
improvisações grosseiras nesses momentos de expressão da adoração e do
serviço para com Deus. Embora muito do que seja feito na liturgia tenha um
caráter espontâneo, não se deve pensar, como alguns o fazem erroneamente,
que o Espírito age unicamente nas improvisações. Ao contrário, o Espírito
tem poder mais que suficiente para atuar desde muito antes de o culto
começar, desde a sua preparação e até muito além da sua execução. Deus
mesmo planejou a nossa salvação antes mesmo da fundação do mundo.”
7 - “Os cultos devem levar em conta as circunstâncias e respeitar a cultura
e o contexto da comunidade nos quais são realizados. Da mesma forma como
Deus se encarnou em Cristo — e respeitou a língua, os costumes e as
práticas do lugar onde viveu os pastores e pastoras devem procurar
enraizar-se em suas paróquias, identificando-se com a sua gente,
contextualizando a Palavra e adaptando a liturgia para a edificação da igreja, o
serviço do povo e a glória de Deus.”
E antes de apresentar à Igreja Metodista o Calendário Litúrgico oficial da
Igreja Metodista, Os Bispos ainda dizem:
“Ao fazermos essas orientações pastorais, zelamos pelo nosso rebanho e
evitamos que confusões doutrinárias, teológicas, eclesiológicas e pastorais
sejam inseridas em nossas igrejas. Ao sermos criteriosos para com as
pessoas que convidaremos para pregar nas nossas igrejas, exercemos o
cuidado pastoral que permeia o ministério ordenado da Igreja. Diante de nós
temos a figura do Bom Pastor, que deu a Sua vida por nós, para que a
tivéssemos de forma plena e abundante. Que esta mensagem nos
impulsione a "dar" de nós mesmos, do nosso talento, dos nossos dons, da
nossa fé, da nossa esperança e da nossa confiança no poder de Deus e nos
valores do Evangelho ao nosso rebanho, para que cada unia das ovelhas
cresça fortalecida pelo nosso pastoreio.”
Eis agora o Calendário Litúrgico que a Igreja Metodista adota
oficialmente:

O CALENDÁRIO LITÚRGICO

O Calendário Litúrgico, ou Ano Litúrgico, não é uma idéia, mas uma pessoa:
Jesus Cristo e o Seu mistério realizado no tempo, que hoje a Igreja celebra
sacramentalmente como memória, presença e profecia (cf. Dicionário de
Liturgia. São Paulo: Paulinas, 1992, p. 58). O Ano Litúrgico se baseia, portanto,
na história da salvação, cujo centro irradiador é o mistério pascal e a união em
Cristo. Esse evento histórico é celebrado como memorial litúrgico, que
atualiza a mensagem da salvação e desafia a comunidade de fé na direção da
consumação do Reino de Deus.
OS 4 GRANDES CICLOS DO CALENDÁRIO CRISTÃO
Ao longo dos séculos, convencionou-se uma estrutura para o Ano Cristão que
se organiza em quatro grandes ciclos: Natal, Primeiro Tempo Comum, Páscoa e
um Segundo Tempo Comum.
Esses ciclos subdividem-se, por sua vez, em tempos específicos conforme
explicados a seguir:
1 - CICLO DO NATAL
O Ciclo do Natal corresponde a quatro tempos litúrgicos do calendário
cristão, a saber: Advento, Natal, Epifania e Batismo do Senhor. Este ciclo
tem início quatro domingos antes do Natal e se estende até o Batismo do
Senhor.
a) Advento
O Advento é o tempo que marca o início do calendário litúrgico cristão. Sua
origem é documentada a partir do século IV a.C. Semelhante à preparação da
Páscoa, expiação de Cristo, o Advento surge como preparação para o
nascimento de Jesus, o Natal. Advento, do latim adventus, significa "vinda",
"espera". Trata-se de urna celebração cujo foco é a expectativa da vinda do
Messias, o Cristo prometido. Nesse período, celebra-se a espera do
Messias, e pode ser dividido em duas partes: os dois primeiros domingos
enfatizam o Advento Escatológico; o terceiro e o quarto domingos, a Preparação
do Natal de Cristo. Dessa forma, o Advento tem a dimensão da expectativa da
segunda vinda de Cristo, bem como a expectativa da chegada do Messias que
concretiza o Reino, o "já" e o "ainda não", que significa viver à espera do
cumprimento das promessas e renovar a esperança no reino que virá.
A espiritualidade do Advento é marcada pela esperança e pelo aguardo do
Messias prometido; a fé na concretização da promessa; o amor que se
demonstra com a chegada do Messias e a paz por Ele anunciada e plenificada.
b) Natal
O segundo tempo litúrgico desse ciclo é o Natal. Esta celebração teve
sua origem em meados do século IV d.C., entretanto, sua aceitação como
festa cristã ocorreu no século VI d.C. O Natal surgiu com a finalidade de
afastar os fiéis da festa pagã do natale solis invictus ("deus sol invencível") e
passou a significar a chegada do Messias, o "sol da justiça" (cf. Ml 4.2), já
anunciado e aguardado no Advento. Natal, na acepção da palavra, significa
"nascimento", entretanto, para as/os cristãs/aos, a partir do século IV d.C., esse
significado é ainda mais profundo, pois, com o nascimento de Cristo,
celebra-se "o Verbo que se fez carne e habitou entre nós", o Deus
infinitamente rico se faz servo e habita entre os despossuídos da terra. É
esse Verbo que atrai para Si toda a criação, a fim de reintegrá-la ao projeto
salvífico de Deus.
A espiritualidade desse período enfatiza a humanidade de Cristo e a
salvação que nEle é absoluta.
c) Epifania
O terceiro tempo desse ciclo é a Epifania. que surgiu no Oriente como
lesta da manifestação cio Cristo encarnado. Somente a partir do século IN'
d.C. passou para o Ocidente, a fim de rememorar a visita dos reis magos ao
Messias que havia chegado.
Epifania, do grego (Thifimeia, significa "manifestação-, "aparição-. Antes
de tornar-se um termo utilizado pelos/as cristãos/ãs, significava a chegada
de um rei ou imperador. A partir de Cristo, tem a conotação de manifestação
do divino ao mundo, que no Antigo Testamento era expressa pelo termo
"teofania-. Esse tempo celebra a manifestação de Cristo aos seres
humanos. no momento em que os reis do Oriente seguiram a estrela em
busca daquele que viria a ser o Salvador por excelência. A Epifania é para o
Natal o que o Pentecostes é para a Páscoa, isto é, desenvolvimento e
permanência do ato de Cristo em favor da humanidade.
A espiritualidade desse período é caracterizada pela manifestação e
aparição de Cristo ao mundo. É o Cristo prometido que se torna uma
realidade na vida de mulheres e homens que procuram a paz, a justiça e o
amor.
d) Batismo do Senhor
O Batismo do Senhor é celebrado no primeiro domingo após a Epifania e
representa o início da missão de Jesus no mundo. Esse tempo é parte da
manifestação de Jesus aos seres humanos, por isso, trata-se de uma continuidade
da Epifania. Diferenciando-se pelo fato de que, na Epifania, é o ser humano
(representado pelos magos) que vai a Cristo, ao passo que, com o Batismo
do Senhor, é Deus (por meio de Jesus Cristo) que vem até o ser humano, a
fim de cumprir Sua missão. Por isso, a espiritualidade desse dia é marcada pela
missão iniciada por Jesus em prol dos menos favorecidos e injustiçados.
Com o Batismo do Senhor termina o Ciclo do Natal, dando-se início ao
Tempo Comum ou Tempo após Epifania.
Símbolos para o Advento
Sugerimos os seguintes símbolos para ambientação litúrgica no período
do Advento:
• Coroa do Advento: simbolizando a realeza de Cristo:
• Velas: simbolizando a chegada de Cristo corno luz do mundo;
• Luzes: símbolo da luz que ilumina as trevas, o próprio Cristo.
Símbolos para o Natal
• Anjos: simbolizam aqueles que anunciam o nascimento de Jesus;
• Crianças: simbolizando a festa da chegada do menino Jesus;
• Sinos: simbolizando o anúncio festivo da chegada do Messias;
• Presépio: simbolizando o local do nascimento de Cristo.
Símbolos para a Epifania e Batismo do Senhor
• Coroa dos Magos: simbolizando a procura pelo Cristo prometido;
• Estrela: simboliza a luz que aparece no horizonte para a chegada de um novo
tempo;
• Mãos: símbolo da força de Deus e Sua providência a toda a criação;
• Presentes: além do presente maior dado à humanidade, Cristo, simbolizam
também os presentes dados pelos magos.
Cores
No Advento, usa-se o roxo, o lilás e o rosa. O roxo significa contrição, daí
a matização das cores no sentido de ir clareando conforme a chegada do Natal. O rosa, geralmente, é usado no quarto domingo do Advento, que simboliza
a alegria.

Para o Natal, utilizam-se as cores: branco e/ou amarelo, símbolos da
divindade, da luz, da glória, da alegria e da vitória que o nascimento de Cristo
representa para a humanidade.
Na Epifania, usa-se o branco por oito dias e, após, o amarelo até o
domingo do Batismo do Senhor.
2 - TEMPO COMUM
Além dos dois ciclos festivos (Ciclo do Natal e Ciclo da Páscoa), o "Ano do
Senhor" também contempla 33 ou 34 semanas, situadas entre o Natal e a Páscoa.
Esse período recebeu a designação Tempo Comum por contrapor-se à
época festiva do Ano Cristão.
O fato de haver um Tempo Comum ressalta o significado de que Deus não
é Senhor somente das coisas extraordinárias. mas também o é do cotidiano.
Enfatiza a presença constante e amorosa do Pai na caminhada do povo rumo
à plenitude do Reino. A cada celebração, antecipamos a eterna liturgia do
céu, para o qual nos preparamos, dia a dia, tanto no tempo festivo como no
tempo comum.
Ao longo da história, várias iniciativas foram tomadas no sentido de oferecer
alternativas à liturgia do tempo não-festivo. Para exemplificar com algumas das
mais recentes e próximas, citamos a formalização, na década de 1930, nos
Estados Unidos, de uma proposta que sugeria a criação de um novo período, o
"Kingdomtide" (Ciclo ou Tempo do Reino). Essa proposta tem de positivo o fato
de enfatizar menos o aspecto eclesiástico-institucional e mais o teológicomissionário
do período. Entretanto, a postura mais amplamente adotada pelos
protestantes do mundo todo foi a de designar as duas partes do Tempo Comum
como sendo "Tempo após Epifania" e "Tempo após Pentecostes",
respectivamente. Na Igreja Metodista no Brasil, o rev. Messias Valverde propôs
uma organização do Ano Cristão dividido em Estações Litúrgicas, das quais
destacamos a Estação da Criação, com uma preocupação ecológica e
escatológica.
Para manter a sintonia com a maioria das Igrejas Cristãs ao redor do
mundo, optamos, neste anuário, pela adoção do Calendário Ecumênico
mundialmente utilizado tanto pela Igreja Metodista quanto pela maioria das
Igrejas Protestantes.
Não obstante, tomamos O cuidado de levarmos em conta as várias
contribuições das propostas às quais nos referimos. principalmente no que diz
respeito ao desafio ecológico próprio da proposta brasileira da Estação
da Criação –relacionado com a Justiça. a Paz e a Integridade da Criação – e
a ênfase na centralidade do Reino de Deus, da proposta norte-americana da
década de 1930.
TEMPO COMUM (1ª PARTE): Anúncio do Reino (Após Epifania)
A primeira parte do Tempo Comum tem início na segunda-feira após a
comemoração do Batismo do Senhor e vai até a véspera da Quarta-Feira
de Cinzas, quando começa a Quaresma (Ciclo da Páscoa).
Sua espiritualidade enfatiza o anúncio do Reino de Deus e visa à esperança
e à pregação da Palavra.

TEMPO COMUM (2a PARTE): Vivência do Reino (Após Pentecostes)
A segunda parte do Tempo Comum, que também é o período mais
longo, começa na segunda-feira após Pentecostes e dura até a véspera do
Primeiro Domingo do Advento, quando tem início o Ciclo do Natal.
Sua espiritualidade comemora o próprio ministério de Cristo em sua
plenitude, principalmente aos domingos, e enfatiza a vivência do Reino de
Deus e a compreensão de que os/as cristãos/as são o sinal desse Reino. Se na
primeira parte do Tempo Comum a ênfase é o anúncio, na segunda é a
concretização do Reino de Deus.
Símbolos para o Primeiro Tempo Comum
Sugerimos como material simbólico para a ambientação litúrgica do
primeiro período do Tempo Comum:
• A Bíblia (sinalizando o anúncio da Palavra do Reino);
• Os cinco pães e os dois peixes (sinalizando os milagres de Jesus e a
solidariedade cristã);
• Sementes / semeadura (sinalizando o anúncio do Reino).
Símbolos para o Segundo Tempo Comum
• Flores (sinalizando a Criação e a Nova Criação -consciência ecológica):
• Feixe de trigo (sinalizando a colheita e os frutos da terra):
• A pesca / rede com peixes (sinalizando a missão do Reino);
• A mesa (representando a fartura e a comunhão):
• O triângulo (representando o equilíbrio e a constância necessários ao
cotidiano cristão);
• A coroa (sinalizando a consumação plena do Reino de Deus).

Cor: verde
Em ambos os períodos do Tempo Comum, usa-se o verde como cor
litúrgica – sinalizando a Criação, a perseverança e a constância —, que
pode ser combinado com o dourado (cor da realeza), indicando a
combinação da Nova Criação com o Senhorio de Cristo (principalmente na
celebração do último Domingo do Tempo Comum, chamado de Domingo de
Cristo, Senhor do Universo).
3 - CICLO PASCAL
Origem
O ciclo pascal, composto por Quaresma, Semana Santa, Período da
Páscoa e, encerrando, Pentecostes, formou-se a partir de um processo de
reflexão e sistematização do cristianismo. que durou do primeiro ao quarto
século da era Cristã. A partir desse ciclo se constituiu todo o calendário litúrgico.

Nas comunidades primitivas. era comum a reunião no primeiro dia de
cada semana, quando se celebrava a memória de Jesus. A origem do culto cristão
está em torno dessa "Páscoa Semanal-, que ocorria no chamado "Dia do Senhor".
Em boa parte por influência do judaísmo cristão, desenvolveu-se uma
celebração anual da Páscoa corno um "grande dia do Senhor", cuja festa se
prolongava por 50 dias, sendo o último o dia de chegada do Espírito, o Pentecostes
Cristão: isso já no século II.
No século IV, desenvolveu-se a tradição de reviver e refletir de um modo mais
sistematizado os momentos da paixão. Isso deu origem às celebrações da Semana
Santa. Desde o século 111, as vésperas da Páscoa já eram dias de reflexão. Os
catecúmenos, que por dois anos eram preparados, eram, agora, acompanhados por toda
a comunidade. Inspirando-se nos 40 dias de preparo de Jesus para Seu ministério,
nasceu o período da quaresma. Assim, em torno da celebração da morte e
ressurreição de Jesus, desenvolveu-se todo o Ciclo Pascal do Calendário
Litúrgico Cristão, marcado pela penitência e confissão, mas também pela alegria e
exultação do crucificado e ressuscitado.
a) QUARESMA
Da Quarta-feira de cinzas ao Domingo de Ramos, este período enfatiza a
importância da contrição, do preparo e da conversão. Inicia-se no 40° dia antes da
Páscoa, sem contar os domingos. O início, na Quarta-feira de cinzas, retorna à
tradição bíblica do arrependimento com cinzas e vestes de saco (Jn 3.5-6). É um
momento oportuno para refletir sobre a confissão e o valor do perdão de Deus.
Sua espiritualidade enfatiza momentos de preparo na história bíblica geral e da
vida de Jesus:
• Quarenta dias de Jesus no deserto (Mt 4.2; Lc 4.1ss)
• Quarenta anos do povo no deserto (Ex 16.35)
• Elias em direção ao Horeb (1Rs 19.8)
Cores da Quaresma: roxo ou lilás
Essas cores enfatizam a preparação, a expectativa, a saudade, a contrição e o
arrependimento. Notemos que o roxo é a mistura de urna cor quente – o vermelho – e
uma cor fria – o azul. Isso é representativo da tensão própria de um período como esse,
quando é central a expectativa do " já- e do "ainda não" do Reino.
Símbolos da Quaresma
• Cinzas, referindo-se ao arrependimento;
• Ramos, lembrando a entrada triunfal;
• Coroa de espinhos e os cravos, rememorando o sofrimento de Cristo.

b) SEMANA SANTA
Inicia-se no domingo de Ramos. Celebração de Cristo como o Messias,
salvador dos pobres, o rei dos humildes. Reflete, passo a passo, os últimos
momentos até o ápice da paixão, passando pela instituição da Eucaristia, pelo lavapés,
pela traição, prisão e crucificação do Senhor. Este é o momento da vigília de
preparo para a ressurreição.
Sua espiritualidade chama-nos a atenção para os momentos finais de Jesus, até o
ápice de Sua paixão:
• A Santa Ceia (Mt 26.17-30);
• 0 Lava-pés (Jo 13.1-17);
• Jesus no Getsemani (Mt 26.36-46; Mc 14.26-31);
• O julgamento e a crucificação (Mt 27; Mc 15; Lc 23; Jo 19).
Símbolos da Semana Santa
A coroa e os cravos podem ser conservados; também temos o pelicano, que, na
falta de alimento para seus filhotes, fere-se para alimentá-los com seu próprio
sangue.
Cor: roxo
Particularmente na sexta-feira, usa-se preto. Essa cor denota a morte e o luto.
c) PÁSCOA
É a festa da ressurreição e da libertação. Um novo Êxodo ocorre e a humanidade
passa do cativeiro da morte para a vida. Sua solenidade pode iniciar-se já na Quintafeira
(instituição da ceia). Contudo. a celebração da ressurreição começa com uma
vigília na noite de sábado, encontrando sua plenitude no romper da aurora, quando
Cristo é lembrado como o Sol da justiça, que traz a luz da nova vida na ressurreição.
A espiritualidade norteados aponta para a ressurreição nos mais variados
relatos das comunidades do século 1 d.C.
• A ressurreição (Mt 28.1-20; Mc 16.1-8; Lc 24.1-12; Jo 20.1-18; At 1.14);
• Cânticos Pascais (SI 113 ao 118 e Ex 12).
Símbolos da Páscoa
Cruz vazia, túmulo vazio, borboleta (sinal de transformação).
Cores da `[ascoa: branco ou amarelo-ouro
Simbolizam a luz. a glória, a alegria, a vitória e a divindade.
d) PENTECOSTES
Entre os hebreus, era comum a celebração da chamada "festa das semanas";
isso porque ela se dava sete semanas após a Páscoa. Nela, o povo dava graças
ao Senhor pela colheita. Mais tarde, adquiriu mais uma dimensão celebrativa, a da
proclamação da Lei (instrução) no Sinai, 50 dias após a libertação do Egito.
Na era cristã, o Pentecostes tornou-se o último dia do ciclo
pascal, quando se celebra a chegada do Espírito Santo como Aquele
que atualiza a presença do ressuscitado entre nós, dando força
para que as comunidades sejam testemunhas de Jesus na história.
A espiritualidade que nos orienta nesse período fala da
presença consoladora do Espírito, que semeia nos corações a
esperança do Reino de Deus e nos impulsiona para a missão.
Textos Bíblicos que devem nos chamar atenção:
• Festa das semanas (Êx 34.22; Lv 23.15);
• Jesus promete o Consolador (Jo 16.7);
• Jesus ressuscitado sopra Seu Espírito (Jo 20.22);
• A chegada do Espírito Santo no dia de Pentecostes (At 2).
Símbolos do Pentecostes
Pomba, fogo, vento, água (sinais da presença do Espírito Santo).
Cor do Pentecostes: vermelho
Essa cor simboliza o fogo e o sangue dos mártires, é a cor das celebrações do
Espírito Santo e da Igreja: Pentecostes.
INDICAÇÕES DE LEITURAS
ANUÁRIO LITÚRGICO 2006. São Bernardo do Campo: Editeo, 2006.
LIMA, Marcos Rodrigues. O Ministério de Música na Igreja Local. Belo Horizonte:
Instituto Teológico João Ramos Jr., 2005.
MOSAICO APOIO PASTORAL: Culto hoje, v. 12, n. 31, junho-agosto 2004. São
Bernardo do Campo: Editeo, 2004.
WHITE, James F. Introdução ao culto cristão. São Leopoldo: Sinodal, 1997.